A nova criação para teatro da associação folha de medronho, “Deve Haver mais qualquer coisa”, vai ser apresentada, em estreia absoluta, no Cineteatro Louletano, no dia 7 de novembro, às 17:00.
A peça de teatro é baseada no livro de Max Aub “Manifesto corvo”, tem a adaptação e dramaturgia de Helena Malaquias, a encenação e o espaço cénico estão a cargo de João de Mello Alvim.
“O processo formal a que Max Aub recorre é, à partida, o de uma fantasia fabulosa, mas desde logo com laivos medonhamente paródicos”, explica a folha de medronho.
A distanciação criada através da personagem de um corvo e do seu frio registo científico parece querer indicar “a impossibilidade de uma narrativa ficcional humana sobre um tal empreendimento, introduzindo uma outra visão dos campos de concentração: a de um jardim zoológico humano”.
Este texto congrega e condensa características híbridas e paradoxais, incorporando literatura fantástica, realismo desapiedado, humor negro e inventividade literária. Radiografia de um campo de concentração e das estranhas formas de vida que nele surgem, a radicalidade reflexiva deste escrito transporta-o para um plano narrativo que tende a abarcar a humanidade como um todo – ou, pelo menos, a humanidade estatizada.
Porque a lógica corvina, livre dos antolhos humanos, e só aparentemente absurda, leva a uma dissecação geral: se as mais avançadas relações humanas podem admitir a repetitiva indignidade de um campo de concentração, é porque este já faz parte dessas relações, que assim se tornam impensáveis, impondo a esta história um desfecho inconclusivo: “Deve Haver Mais Qualquer Coisa”.
“Deve Haver Mais Qualquer Coisa” é uma co-produção da folha de medronho e do Cineteatro Louletano, apoiada pela Câmara Municipal de Loulé e o GEPAC, e conta com as interpretações de Alexandra Diogo e Mariana Vasconcelos.