O Dia Mundial da Dança vai ser celebrado hoje, ainda em contexto de pandemia, mas com a cultura já desconfinada, através de espetáculos em palco, aulas e oficinas de norte a sul do país, para festejar uma linguagem universal.
Instituído pelo Comité Internacional da Dança (CID) da organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em 1982, o Dia Mundial da Dança é celebrado na data de nascimento do bailarino, mestre de bailado e autor da obra teórica “Lettres sur la Danse”, Jean-Georges Noverre (1727-1810), considerado um dos pioneiros da dança moderna.
Por todo o país, companhias e grupos de dança, escolas e associações realizam espetáculos e oficinas para público de todas as idades, com o objetivo de festejar uma arte cuja universalidade é sublinhada e promovida há décadas por instituições internacionais.
Hoje, em Lisboa, a Companhia Nacional de Bailado (CNB) abrirá o Teatro Camões, convidando o público a passar um dia diferente com atividades para todas as idades, dentro e fora de portas, com uma biblioteca itinerante de livros sobre dança, sessões de leitura, e uma conversa entre o escritor Gonçalo M. Tavares e a primeira bailarina Ana Lacerda.
A companhia marcará ainda presença em Almada, Aveiro, Évora e Leiria, através da realização de ‘masterclasses’ para diferentes públicos, com Barbora Hruskova, Miguel Ramalho, Filipe Macedo, Isabel Galriça, Sílvia Santos e Susana Matos.
A CNB também irá estrear o filme “Bow”, no Teatro Camões, que documenta como a companhia se tem adaptado às mudanças e incertezas impostas pela pandemia, realizado por Paul E. Visser.
A música original é de Tiago Perestrelo, o guião, do próprio realizador, em colaboração com Sofia Campos, e a participação da equipa da CNB, numa produção conjunta da companhia com os Valentijn Studios e com a RTP.
Ainda na capital, a CiM – Companhia de Dança vai promover uma maratona de atividades ‘online’, direcionadas para vários públicos, desde aulas gratuitas de yoga e dança – incluindo para pessoas com deficiência visual e para surdos -, filmes e conversas, e ainda o lançamento, às 21:00, do livro, “Amor e Silêncio”, de Jorge Granadas, bailarino da companhia.
Em Guimarães, a Oficina vai assinalar a efeméride com um fim de semana dedicado à estreia de novas criações na área da dança contemporânea, o que inclui, na sexta-feira, por Hugo Calhim Cristovão & Joana von Mayer Trindade, no Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor, a primeira apresentação do seu mais recente espetáculo “Fecundação e Alívio neste Chão Irredutível onde com Gozo me Insurjo”.
Segue-se Vera Mantero, no sábado, com a estreia da nova criação para a companhia Dançando com a Diferença, intitulada “Vaamo share oque shop é Beiro Pateiro”.
Caberá à coreógrafa francesa Flora Détraz encerrar o fim de semana com “Glottis”, no domingo, às 11:00, na Black Box do Centro Internacional das Artes José de Guimarães.
Após a estreia em Guimarães, o espetáculo vai passar pelo Jardim do Mosteiro de Tibães (Braga) a 17 de julho, pela Alameda do Mosteiro de Landim (Famalicão), a 23 de julho, e pelo Largo Dr. José Novais (Barcelos), a 30 de julho.
No concelho de Odivelas, o Centro Cultural da Malaposta assinala a data com a apresentação do espetáculo “Autópsia”, pela Companhia Olga Roriz, e, na sala de cinema do equipamento cultural, será feita a exibição de um documentário do coreógrafo e bailarino norte-americano Bill T. Jones.
Festejando a efeméride, a Companhia de Dança Contemporânea de Sintra vai apresentar, hoje e no fim de semana, quatro espetáculos e uma palestra, em emissões ‘online’ gratuitas para homenagear a dança e comemorar o dia mundial.
Durante os três dias serão apresentadas mais de uma centena de ‘performances’ de dança que contarão com a participação internacional de profissionais do Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo, no Brasil, e também de Espanha, Índia, Suécia, Irlanda e Cuba.
Do programa fazem parte, hoje, às 22:00, o espetáculo “A Dança num Instante”, com coreografia nacional, participação de grupos de dança amadores e profissionais, e do 6.º ano da Academia de Ensino Articulado Ai!aDança.
Por seu turno, a Academia de Dança Contemporânea de Setúbal (ADCS) também regressará nesta altura ao palco do Fórum Municipal Luisa Todi com os seus alunos do curso de formação de bailarinos, para espetáculos comemorativos hoje e na sexta-feira.
Serão apresentados vários trabalhos realizados durante este período atípico de pandemia, e o programa contará, também, com a peça “Substância Nigra”, coreografia de Iolanda Rodrigues, com música de Jorge Salgueiro, interpretada pela Pequena Companhia/Little Company da ADCS.
Uma ‘masterclass’ ministrada por um bailarino da CNB e um espetáculo coordenado pela coreógrafa Nélia Pinheiro assinalam a reabertura, hoje, da Black Box da Companhia de Dança Contemporânea de Évora (CDCE), cuja sala reabre, após a realização de obras.
Em Vila Nova de Famalicão, Braga, o dia será celebrado com o nascimento” de uma nova companhia – a In Tranz YT Cia. -, criada com o objetivo de apoiar bailarinos recém-formados, que ficará sediada na casa das Artes, no quadro de uma parceria entre a câmara municipal, a Casa das Artes de Famalicão, o Cineteatro Louletano, a Compagnie Illicite-Bayonne, o Augsburg Ballet, a Orquestra Sem Fronteiras, a Associação ESTUFA, a Companhia Olga Roriz e os estúdios Dance Fusion.
O primeiro espetáculo da nova companhia vai subir hoje ao palco, com o nome “IntraNzyt 0.0”, composto por três peças coreográficas, duas das quais estreias nacionais e uma estreia absoluta. Este primeiro espetáculo é assinado por Fábio Lopez, Ana Isabel Casquilho, Cristina Pereira e Vasco Macide.
O Conservatório de Música de Santarém (CMS), por seu lado, vai celebrar o Dia Mundial da Dança hoje, pelas 19:00, no Convento de São Francisco, com o espetáculo “Passos Infinitos”, do coreógrafo Juan Seller.
Juan Maria Seller, coordenador do Departamento de Dança do CMS, salientou à Lusa a relevância do evento, que acontece num momento de regresso dos públicos às salas, depois de meses de afastamento devido à pandemia da covid-19, acontecendo o espetáculo em formato ‘site-specific’ (com lugares assinalados) e com o apoio da Câmara de Santarém.
“Dança primitiva, eterna. Começa por uma pulsação, o bater do coração. Um movimento transformado em palavras escritas no ar, viajantes intermináveis que perduram para sempre”, escreve Juan Seller sobre o espetáculo, que coreografa e dirige e que tem direção musical de Sílvia Mendonça, a partir das peças musicais, “In C”, de Terry Riley, e 1.ª Sonata para Violino Solo, de JS Bach.
Inserido no Programa de Dança Beatriz Martinho, do CMS, o espetáculo contará com as participações do Grupo de Música Contemporânea, Orquestra de Cordas, Coro, alunos de dança contemporânea (aulas livres), alunas de ballet do Conservatório e do Colégio Os Lusitanos, alunos de flauta transversal, saxofone e violino, bem como dos professores do departamento.