O centenário do nascimento do arquiteto Manuel Gomes da Costa é assinalado a partir desta quinta-feira, em Faro, com a exposição mgc100 – Moderno ao Sul, que mostra o seu legado no Algarve através de 40 obras.
Exposta na sala de Atos do Cabido da Sé de Faro até 15 novembro, esta é uma reposição de um evento criado em 2009 com o intuito de, ainda em vida, celebrar a carreira do arquiteto que é considerado o “maior representante” da geração moderna no Algarve, segundo a organização.
Em comunicado, a mesma fonte refere que um dos objetivos da exposição é que, através do conhecimento da obra do arquiteto, esta possa integrar a memória coletiva algarvia, com a população a atuar como vigilante deste património “novo”, agora reconhecido e em grande perigo de transformação.
Nos últimos anos foram desenvolvidas várias ações de divulgação e proteção deste património, nomeadamente, com a recriação de casas modernistas de Faro para o ambiente do jogo Minecraft por alunos do concelho de Faro, através do projeto MI.MOMO.FARO – Minecraft e a Arquitetura Modernista em Faro.
O eixo de ligação entre o mercado municipal de Faro e a Escola Secundária João de Deus, que define regras restritas de intervenção em edifícios modernos, numa sucessão contínua de ruas e bairros da cidade, foi classificado como sendo de interesse municipal constituindo, até agora, “algo de raro no país”, lê-se na nota.
Segundo a organização, esta “é uma celebração da arquitetura, da vida e obra” do arquiteto que, graças aos esforços da Câmara de Faro e do Museu Municipal de Faro, permitirá desenvolver uma série de ações futuro próximo, fazendo com que “Faro se afirme como uma importante capital do moderno português”.
Manuel Gomes da Costa instalou-se no Algarve em 1953 e, ao longo de “mais de cinco décadas de trabalho árduo, perseverante e solitário”, projetou e construiu centenas de obras, entre projetos privados e equipamentos públicos.
A creche de Aljezur, a colónia de férias de Alcantarilha, o Colégio da Nossa Senhora do Alto, em Faro, a Capela de Santa Luzia ou a Cooperativa Agrícola de Santa Catarina da Fonte do Bispo, são exemplos de algumas das suas obras.
Para a organização, o estilo arquitetónico de Gomes da Costa era, nas décadas de 1950 e 1960, próximo da chamada escola do Porto e de mestres brasileiros como Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy ou Vilanova Atrigas.
No entanto, a sua obra foi evoluindo ao longo do tempo, para um estilo “cada vez mais pessoal e livre no fim da sua carreira como arquiteto”, no ano de 2002.
Em qualquer dos casos, o arquiteto procurou uma arquitetura “informada” que refletisse com responsabilidade os valores do seu tempo, “leve, solta, democrática, humana, adaptada ao lugar e ao clima”, aponta, ainda, a organização.
Grande parte dos edifícios do período moderno e da sua autoria “são importantes testemunhos formais da realidade do século XX em Faro e no Algarve, património único e irrepetível”, conclui.