Todos sabem que os cravos são o símbolo da Revolução de 1974, que marcou o fim do Estado Novo e trouxe a democracia a Portugal. Distribuídos naquele dia aos militares, perduram nas fotografias e cartazes e são símbolo de Liberdade até hoje. O que muitos não sabem é que foi no Posto Agrário de Tavira que nasceram e foram criados a maioria dos ‘Cravos de Abril’, que marcam a História de Portugal.
A história é agora dada a conhecer, pela Associação Ecotopia Activa e pelos “Cidadãos pelo CEAT e Hortas Urbanas de Tavira”, no vídeo “Cravos de Abril”, que estreará no dia 1 de março, às 17:30, no Auditório/Biblioteca do Centro de Experimentação Agrária de Tavira.
O documentário conta com o testemunho na primeira pessoa de quem cuidou desses históricos cravos.
“Os primeiros craveiros foram para o meu estágio”, recorda a engenheira Guilhermina Madeira, que começou a trabalhar no Centro de Experimentação Agrária em 1966, numa época em que o espaço era uma estação experimental de floricultura e horticultura. E sete anos depois, em junho de 1973 estava a fazer as plantações dos craveiros que viriam a dar os cravos de abril do ano seguinte.
E tal como há 50 anos, os cravos vermelhos voltaram a ser plantados no Centro de Experimentação Agrária, agora pela mão de voluntários e num dos talhões das hortas comunitárias, mas sempre sob o olhar atento da engenheira Guilhermina.
“Nós mandávamos à consignação para um distribuidor para Lisboa”, continua, acrescentando que seguiam para o Mercado 24 de Julho. Era aí que as vendedoras se abasteciam para revender.
“Mandámos naturalmente as flores, o destino que depois elas tiveram, nem fazíamos ideia”, recorda Guilhermina Madeira, desconhecendo àquela época que foi das mãos de Celeste Caeiro que surgiu o ato extraordinariamente simbólico dos últimos 50 anos.
Depois de meses de cuidados, os cravos estão novamente prontos para viajar desde Tavira até Lisboa, recriando a viagem temporal e dando novamente forma aos valores conquistados a 25 de abril de 1974 e para a História de Portugal.
O evento tem início pelas 15:30 e conta com uma visita às Coleções de Fruteiras Tradicionais do Algarve, no Centro de Experimentação Agrária de Tavira.
As coleções caracterizam-se pelo elevado interesse patrimonial e cultural, que além de serem na sua maioria únicas no País, são representativas da paisagem típica.
A visita tem como objetivo divulgar o trabalho de prospeção, preservação e caracterização que tem vindo a ser desenvolvido ao longo de décadas, neste espaço que foi também o local de implementação e experimentação dos cravos do 25 de Abril.
De seguida, os participantes são convidados a conhecer um pouco da história deste local emblemático da cidade, de Tavira e da Agricultura, na exposição ‘Posto Agrário de Tavira (1926-1974)’.
A estreia do vídeo ‘Cravos de Abril’ acontece pelas 17:30 e conta com a intervenção de convidados muito especiais: Mário Júlio Simões Teles, capitão-de-mar-e-guerra e representante da Associação 25 de Abril, a engenheira Guilhermina Madeira, protagonista do vídeo; Carolina Caeiro Fontela, neta de Celeste Caeiro; Ignacio García Pereda, historiador; Ana Paula Martins, presidente da Câmara de Tavira; e Pedro Valadas Monteiro, vice-presidente CCDR Algarve | Agricultura e Pescas. Haverá ainda espaço para um momento de participação do público presente.
Esta iniciativa é organizada pela Associação Ecotopia Activa e pelos “Cidadãos pelo CEAT e Hortas Urbanas de Tavira” e conta com a colaboração da Associação 25 de Abril e o apoio da CCDR Algarve | Agricultura e Pescas e do Município de Tavira.
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