Portugal é conhecido por albergar centenas de castelos, construídos como resposta às constantes ameaças, inicialmente dos muçulmanos e, mais tarde, dos castelhanos. Muitos destes castelos encontram-se ainda bem preservados, outros transformaram-se em ruínas, enquanto alguns desapareceram completamente, sendo lembrados apenas através dos registos históricos. Estima-se que o território português tenha sido palco de mais de 400 castelos, um número impressionante quando comparado com outros países europeus. Neste artigo, vamos falar-lhe sobre aquele que, segundo os registos, será o castelo mais antigo de Portugal.
Uma das razões para esta abundância de fortalezas reside na necessidade de defesa com recursos humanos limitados. Enquanto muitos portugueses partiam em expedições marítimas em busca de novas rotas e terras, as fortalezas desempenhavam um papel crucial na proteção do território com poucos defensores. A engenharia militar permitiu garantir a segurança, mesmo com meios reduzidos.
O castelo mais antigo de Portugal
Embora os documentos históricos não sejam completamente claros, acredita-se que o castelo de Montemor-o-Velho seja um dos mais antigos, senão o mais antigo do país, com referências datadas do século IX. Em 848, a fortaleza foi conquistada por Ramiro I das Astúrias e pelo seu tio, o abade João do Mosteiro de Lorvão. Este último confiou a alcaidaria a D. Bermudo, seu sobrinho. Nesse mesmo ano, o castelo resistiu ao cerco do califa de Córdova, Abderramão II, segundo revela a VortexMag.
Nos séculos seguintes, a fortificação alternou frequentemente entre o domínio cristão e muçulmano. Segundo a Crónica dos Godos, foi reconquistada por Almançor em 990, tendo sido reedificada. Os cristãos retomaram-na em 1016 ou 1017, mas os muçulmanos voltaram a ocupá-la em 1026. Em 1034, passou novamente para mãos cristãs. Apenas em 1064, com a conquista de Coimbra por Fernando Magno, a posse cristã foi consolidada, fixando-se a fronteira no rio Mondego.
O castelo que hoje se ergue em Montemor-o-Velho é fruto de várias intervenções realizadas ao longo da Idade Média. Após a conquista de Coimbra, Afonso VI de Castela ordenou a sua reconstrução e a edificação da Igreja de Santa Maria da Alcáçova no seu interior, mais tarde alvo de várias reformas.
Durante os reinados de D. Afonso Henriques e D. Sancho I, Montemor tornou-se uma fortificação de destaque. As infantas Teresa e Mafalda remodelaram o paço do castelo, conferindo-lhe características de residência senhorial.
O castelo foi, ao longo dos tempos, cenário de várias disputas. D. Afonso II questionou o testamento do pai, que legava o castelo às suas irmãs, sendo necessária a intervenção do Papa para resolver o conflito. Mais tarde, foi palco de confrontos entre Sancho II e Afonso III e também de desentendimentos entre D. Dinis e o seu filho, o futuro D. Afonso IV.
O destino de Inês de Castro
Montemor-o-Velho está também associado a um dos episódios mais trágicos da história portuguesa: o assassinato de Inês de Castro. Foi neste castelo que se decidiu o destino de Inês, companheira de D. Pedro após a morte da sua esposa, D. Constança. Inês era filha de um nobre castelhano e exercia grande influência sobre o príncipe, o que gerava receios de que isso pudesse comprometer os interesses de Portugal. Convencido de que Inês representava uma ameaça, D. Afonso IV decretou a sua morte, que viria a ocorrer no Paço de Santa Clara, em Coimbra.
Leia também: Fica a duas horas do Algarve uma das cidades mais baratas para visitar mesmo na época alta