O conceito de vida e morte sempre foi um dos maiores mistérios para a humanidade, mas novos estudos sugerem que pode existir um período intermediário entre esses dois estados. A ideia de um “terceiro estado”, onde as células continuam a funcionar após a morte de um organismo, está a ser explorada pela ciência moderna. Este fenómeno poderia reverter a nossa compreensão sobre a morte e até redefinir o conceito de morte legal.
Investigadores da Universidade de Washington e do City of Hope National Medical Center publicaram um estudo na revista Physiology, onde demonstram que, em algumas circunstâncias, as células de um organismo morto podem continuar a operar após a morte. Esse processo ocorre quando as células recebem nutrientes, oxigénio e sinais bioelétricos, permitindo que se reorganizem e formem novos organismos multicelulares. O estudo revela que as células, em alguns casos, podem até adquirir novas capacidades que não tinham enquanto o organismo estava vivo.
Em experiências anteriores, cientistas demonstraram que células da pele de rãs mortas podiam formar organismos multicelulares, chamados “xenobots”. Esses xenobots, apesar de serem formados por células mortas, eram capazes de se mover, recolher materiais, autossarar e replicar-se de forma limitada. Este fenómeno sugere que a morte biológica pode não ser um estado final e irreversível, como se pensava anteriormente.
Outro estudo recente de 2023, explica a Stars Insider, publicado na Advanced Science, revelou que células humanas dos pulmões também podem formar pequenos organismos multicelulares, chamados “anthrobots”. Esses anthrobots têm a capacidade de se mover, reparar-se e até curar outras células, como as nervosas. A possibilidade de aplicar esse tipo de tecnologia no tratamento de doenças neurodegenerativas, como Parkinson ou Alzheimer, é uma das grandes promessas da pesquisa.
Entretanto, o que permite que as células funcionem neste “terceiro estado” após a morte de um organismo? Os investigadores sugerem que circuitos elétricos ocultos podem estar envolvidos, fornecendo sinais que permitem que as células comuniquem entre si, cresçam e se movam, assim como formem novos organismos. A temperatura, a energia disponível e outros fatores determinam se as células têm a capacidade de entrar neste estado de funcionamento pós-morte.
Embora o conceito de “terceiro estado” apresente grande potencial, ainda há controvérsias em relação ao uso de células de organismos mortos para criar vida nova. Filmes de ficção científica, como “Re-Animator”, já exploraram esse tema com consequências catastróficas. No entanto, os pesquisadores acreditam que, se bem controlado, esse avanço científico pode revolucionar a medicina regenerativa, oferecendo novas formas de tratar doenças e reparar órgãos danificados, como as retinas ou as cordas espinhais.
O estudo do “terceiro estado” levanta questões filosóficas e científicas sobre os limites entre a vida e a morte. Embora a possibilidade de reviver células mortas e criar novos organismos seja promissora, muitos aspetos desta pesquisa ainda precisam de ser explorados. O impacto de tais descobertas poderia redefinir não apenas a medicina, mas também a nossa compreensão sobre a vida e a morte.
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