As árvores, quando falamos de temperatura urbana, desempenham um papel fundamental, pois proporcionam sombra e libertam água para a atmosfera, ajudando a refrescar o ambiente. Por isso, plantar árvores nas ruas das cidades é uma estratégia frequentemente promovida para enfrentar os desafios climáticos. No entanto, nem todas as árvores prosperam da mesma forma no meio urbano, e apenas árvores saudáveis conseguem trazer benefícios reais. Saiba mais neste artigo.
Vários estudos demonstram que a existência de muitas zonas verdes nas cidades ajuda a reduzir os efeitos da ilha de calor urbana, um fenómeno agravado pelas alterações climáticas. No entanto, o esverdeamento urbano só traz benefícios quando é bem planeado e implementado corretamente. Saiba mais neste artigo.
Um estudo publicado na revista AGU Advances, conduzido por Jean Wilkening e a sua equipa, citado pela Meteored Espanha, analisou os fatores que influenciam a saúde das árvores em Minneapolis-Saint Paul, nos Estados Unidos. Os investigadores identificaram características da paisagem urbana que favorecem ou dificultam o crescimento das árvores, ajudando a perceber como estas podem ser melhor cuidadas nas cidades.
Para o estudo, os cientistas utilizaram dados recolhidos pelo sensor ECOSTRESS, instalado na Estação Espacial Internacional, para medir as temperaturas da vegetação arbórea durante as tardes de verão. Depois, aplicaram técnicas de aprendizagem automática para avaliar a relação entre essas temperaturas e fatores ambientais, como a proximidade de água, o nível de urbanização, a exposição ao tráfego e o uso do solo circundante.
Os resultados mostraram que as árvores próximas de áreas com água ou vegetação (espaços azuis e verdes) apresentam melhor saúde, enquanto as árvores localizadas em zonas muito urbanizadas, com muitos edifícios e superfícies impermeáveis, enfrentam maiores dificuldades para crescer.
Com base nestes dados, os investigadores desenvolveram o Índice Combinado de Árvores Urbanas (CUTI, na sigla em inglês). Este índice mede a quantidade de terra coberta por copas de árvores e avalia a temperatura e a saúde dessas copas, determinando assim o nível de benefício que as árvores proporcionam a uma área específica. A escala do CUTI varia entre 0 e 1, sendo 0 nenhum benefício e 1 benefício máximo.
Nas áreas onde o ambiente urbano dificulta o crescimento das árvores, os gestores municipais precisam de plantar mais árvores e garantir cuidados adicionais para que estas se desenvolvam. Em contrapartida, em zonas onde as árvores crescem naturalmente bem, a necessidade de intervenção é menor.
Os autores do estudo destacam que esta abordagem pode ser especialmente importante para comunidades historicamente desfavorecidas, que costumam ter menos espaços verdes e menos árvores. Segundo os investigadores, a plantação de árvores nessas comunidades é um passo essencial para corrigir injustiças ambientais. No entanto, alertam que não basta plantar árvores—é necessário garantir a sua manutenção para que possam realmente beneficiar a população.
Assim, o estudo reforça a importância de um planeamento cuidadoso do esverdeamento urbano, tendo em conta as condições locais para que as árvores prosperem e contribuam para a melhoria da qualidade de vida nas cidades.
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