O Relógio do Juízo Final, criado há 78 anos por cientistas como uma representação simbólica da proximidade da humanidade a uma catástrofe global, voltou a ser ajustado. Desta vez, os ponteiros foram colocados a 89 segundos da meia-noite, o valor mais próximo de sempre, refletindo a instabilidade mundial e os riscos crescentes.
Um indicador da vulnerabilidade global
O Relógio do Juízo Final (Doomsday Clock, em inglês) foi concebido em 1947 pelo Boletim dos Cientistas Atómicos (Bulletin of the Atomic Scientists), organização fundada por Albert Einstein, J. Robert Oppenheimer e cientistas da Universidade de Chicago. O objetivo era alertar a sociedade para as ameaças que poderiam colocar em risco a sobrevivência humana.
A cada ano, os ponteiros do relógio são ajustados com base em eventos geopolíticos, desenvolvimentos científicos e ameaças globais. Em janeiro de 2023, o relógio estava a 90 segundos da meia-noite. Este ano, a decisão de mover os ponteiros teve em consideração fatores como a ameaça nuclear, a crise climática, a inteligência artificial, as doenças infecciosas e os conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente.
Um alerta para os líderes mundiais
“O Relógio do Juízo Final tem como propósito iniciar uma conversa mundial acerca das ameaças existentes que mantêm os melhores cientistas do mundo acordados durante a noite. Os líderes devem começar a discutir sobre os riscos globais antes que seja demasiado tarde”, afirmou Daniel Holz, presidente do Conselho de Ciência e Segurança do Boletim dos Cientistas Atómicos.
Juan Manuel Santos, Prémio Nobel da Paz, alertou para a necessidade de ação imediata. “O relógio está a mover-se num momento de profunda instabilidade global e tensão geopolítica. Agora é o momento de agir juntos. As ameaças que enfrentamos só podem ser enfrentadas através de uma liderança ousada e numa parceria em escala global. Cada segundo conta”, sublinhou.
Uma ameaça sem precedentes
A posição atual do relógio reflete um cenário mais preocupante do que em 1953, ano em que os ponteiros marcavam dois minutos para a meia-noite, no auge da Guerra Fria, após os primeiros testes de armas termonucleares pelos Estados Unidos e pela União Soviética.
O Relógio do Juízo Final tornou-se um indicador amplamente reconhecido da vulnerabilidade global. Mais do que um instrumento simbólico, representa um apelo à cooperação internacional para mitigar os riscos que ameaçam o futuro da humanidade.
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