As ostras, um marisco amplamente consumido no Algarve e noutras regiões costeiras, podem desempenhar um papel crucial no combate às superbactérias resistentes aos antibióticos. Investigadores identificaram proteínas antimicrobianas presentes na hemolinfa das ostras, equivalente ao sangue nos humanos, que demonstraram eficácia no combate a bactérias responsáveis por várias infeções graves.
A resistência aos antibióticos é um problema de saúde global, com cerca de cinco milhões de mortes anuais relacionadas com infeções resistentes aos antimicrobianos, refere a Leak. Estima-se que, até 2050, este número possa atingir os 40 milhões. A procura de soluções levou os cientistas a explorar as defesas naturais das ostras, que vivem em ambientes ricos em microrganismos, desenvolvendo fortes mecanismos imunitários.
Os péptidos e proteínas presentes na hemolinfa das ostras têm a capacidade de romper as membranas das células bacterianas, facilitando a ação de antibióticos convencionais. Estes compostos foram particularmente eficazes contra bactérias como Streptococcus spp., Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa, responsáveis por infeções respiratórias, cutâneas e na corrente sanguínea. Além disso, os testes não registaram efeitos tóxicos em células humanas saudáveis.
A investigação mostra ainda que estes compostos não só ajudam a combater as bactérias diretamente, como também podem reforçar o sistema imunitário do hospedeiro, aumentando a eficácia dos tratamentos. Este potencial antimicrobiano das ostras reforça a sua longa tradição de uso em medicinas tradicionais, como na medicina chinesa, onde são utilizadas para tratar infeções respiratórias e inflamações.
Cerca de 90% dos antibióticos atualmente usados são derivados de fontes naturais, e a descoberta de propriedades terapêuticas nas ostras é mais um passo importante nesta abordagem. Os resultados reforçam a necessidade de preservar e estudar os recursos marinhos como solução para problemas de saúde emergentes.
Este estudo sublinha o papel crucial que as ostras, um marisco amplamente consumido no Algarve, podem ter no futuro da medicina, não só como alimento, mas também como ferramenta no combate às superbactérias, assim como à crise global de resistência aos antibióticos.
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