A quarta edição da Bienal de Artes Contemporâneas (Bo.CA), com mais de 30 artistas que vão apresentar criações em espaços de Faro e Lisboa, começa este sábado com obras de Héctor Zamora e Gabriel Chaile, prosseguindo até 15 de outubro.
Paul B. Preciado, Agnieszka Polska, Ana Borralho, João Galante, Vera Mantero, Orquestra do Algarve, João dos Santos Martins, Ana Jotta, Joana Sá, Filipe Pereira e Marina Herlop, são outros dos artistas que integram esta edição que decorrerá em 32 espaços diferentes, segundo a organização.
Com uma programação experimental e heterogénea, a bienal tem como mote o “Presente Invisível” e irá percorrer as artes performativas, visuais, a música, o cinema, e ainda realizar debates e oficinas, sob a direção artística de John Romão.
A Bienal Bo.CA começa este sábado com as apresentações dos artistas Héctor Zamora – com uma performance em espaços de Lisboa e Faro – e com Gabriel Chaile, que irá apresentar uma nova instalação de grande escala para a Praça do Carvão, no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), na capital.
A obra do mexicano Héctor Zamora – intitulada “Quimera”, que inclui performance e instalação – é uma nuvem de balões de cores brilhantes que vai percorrer o espaço público de Lisboa e Faro “para tornar visível o invisível, prestando homenagem às economias informais em que assenta grande parte da sociedade mexicana e portuguesa”, na descrição da organização.
Inspirado por um dos ofícios mais antigos do seu país, os ‘globeros’ – vendedores de balões coloridos – o criador apresentará a ação performativa com pessoas migrantes a vender volumosos conjuntos de balões que formam palavras alusivas à crise e à migração.
Gabriel Chaile, por seu turno, vai apresentar no exterior do MAAT uma instalação criada como tributo a Alcindo Monteiro, assassinado em 1995, em Lisboa, vítima de ódio racial, numa ação em que o centro é a troca de olhares e histórias, para promover a tolerância e a empatia, segundo a programação da bienal.
O artista argentino irá colocar a escultura “Auto-Retrato” frente a frente com a peça “Alcindo Monteiro”, que ficará patente até 15 de outubro, acompanhada por um programa público de quatro sessões de debate, música e exibição de filmes sobre identidades e pertença.
Numa conferência de imprensa realizada esta semana em Faro, o diretor artístico da Bo.CA sublinhou que um dos destaques desta edição passa pelas colaborações entre artistas: “[Vamos ter] muitas duplas e muitos artistas que convocam a colaboração de outros artistas e vários cruzamentos entre as comunidades e outros criadores, dando visibilidade a diversas práticas”.
As criações encomendadas, produzidas ou coproduzidas pela Bo.CA vão abordar temas como os movimentos migratórios, apagamentos históricos, extrativismos e as violências racial e de género, com o objetivo de “provocar, refletir e fazer agir, tomando outras consciências sobre o mundo”.
A artista visual e realizadora polaca Agnieszka Polska vai estrear-se no teatro com “The Talking Car / O Carro Falante”, com um elenco composto por Albano Jerónimo, Bartosz Bielenia, Íris Cayate, Aaron Ronelle e Vera Mantero.
O cartaz inclui também as duas primeiras incursões do filósofo Paul B. Preciado no palco e no cinema, com o texto “Eu Sou o Monstro que vos Fala”, pela voz de um grupo de cinco intérpretes trans e não-binários, e o filme “Orlando, a minha biografia política”, adaptação da obra da escritora Virginia Woolf.
Três propostas do realizador e encenador Marcus Lindeen sobre identidade e mudança de género, a apresentação do saxofonista Benkik Giske e do bailarino Romeu Runa, e a primeira ópera do músico e artista visual Pedro Alves Sousa são outras das propostas da Bo.CA.
Veja AQUI o programa completo.
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