O “Verão Azul” continua a ‘aquecer’ a criação artística, através do acolhimento de artistas e projetos em criação, que precisam de tempo e espaço para conseguir chegar a um formato final de obra artística.
Mesmo em tempos de pandemia, está garantida a presença de artistas que se relacionem com a realidade local, seja através de integração das comunidades nos seus processos criativos ou através de uma pesquisa sobre o território e que terá repercussões sobre as suas obras.
As criações serão depois apresentadas na 10ª. edição do Festival, em 2021. Este ano, o “Verão Azul já apresentou Miguel Bonneville – A Importância de Ser Alan Turing; Pauliana Valente Pimentel – Faro Oeste E ZA! – Residência de Investigação. Contudo, poderá ainda acompanhar Alex Cassal / Má-Criação – A Biblioteca do Fim do Mundo (Loulé, 16-29 novembro) e Nuno Lucas- Eu Cá, Tu Lá (Loulé, 4-11 dezembro).
O POSTAL esteve presente na masterclass de Pauliana Valente Pimentel, que se realizou na Associação 289, em Faro, e que apresentou o seu trabalho dos últimos nove anos. Numa apresentação descontraída, foi possível conhecer ainda curiosidades da artista. A sua relação com o Algarve e o seu trabalho junto das comunidades ciganas foi tema central da entrevista com o nosso jornal, que pode ler AQUI.
Também a banda ZA! já apresentou o seu trabalho de residência investigação. ZA!, é uma banda de música catalã, formada por Eduard Pou e Pau Rodríguez. Após 15 anos e mais de 700 concertos, ZA! são hoje uma referência no meio da música experimental, partilhando a sua mistura de géneros musicais, desde o Jazz-Livre à electrónica, e o seu espírito DIT (do-it-together).
A dupla já esteve presente na edição de 2017 do Festival de Lagos. O “Verão Azul” convidou este coletivo a investigar a cidade de Faro, a conhecer os seus recantos e a encontrar formas de se relacionar com o território. “A intenção foi descobrir as conexões possíveis entre o seu estilo musical e as pessoas e saberes locais, de forma a pensarmos juntos um projeto que possa trazer de volta estes músicos a Faro na próxima edição do Festival”, explica a organização.
Eduard Pou e Pau Rodríguez dirigiram este workshop, apoiados nas linguagens e teorias de improvisação musical conduzida, surgidas nas décadas de 70 e 80 do século XX e em artistas como Butch Morris, Walter Thompson e John Zorn. “Na música popular contemporânea entende-se que a improvisação é mutável consoante o estilo musical – cada género tem a sua própria estética, com recursos e ornamentações próprias – sendo que todos concordam que a improvisação é uma expressão individual dentro de um contexto de grupo”, continua a organização do “Verão Azul”.
O festival internacional das artes continuará a sua caminhada, apresentando ainda Alex Cassal / Má-Criação – A Biblioteca do Fim do Mundo, de 16 a 29 de novembro, em Loulé. Aqui, um pequeno grupo de espectadores irá passar a noite na companhia de um pequeno grupo de performers, numa jornada cinematográfica e literária que passará por autores como Dickens, Bradbury, Rimbaud, Nietzsche, Salinger, Austen, Joyce, Woolf, Cervantes e realizadores como Godard, Truffaut, Jarmush, Almodóvar, Coppola, Pasolini, Tarantino, Roeg, Coixet, Wenders.
Está prometida uma narrativa única, pensando em ligações inusitadas com a população de Loulé. No final da residência serão recolhidos comentários que permitam uma relação mais próxima do território, pensando na próxima vinda a Loulé, na edição de 2021 do Festival.
Alex Cassal é encenador, dramaturgo e ator. Nasceu em Porto Alegre, Brasil, em 1967. Cresceu a ler banda desenhada e a ver filmes de ficção científica, afetanddo de forma irremediável a sua sensibilidade. Licenciou se em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ.
Abrimos ainda a “cortina” para Nuno Lucas, com Eu Cá, Tu Lá, de 4 a 11 de dezembro, em Loulé. “Esta é uma peça de iniciação à escuta”, explica a organização, que continua, revelando que será feita “uma escuta do outro, sobre a nossa dificuldade em nos expressarmos, mas também sobre a necessidade de reaprender sobretudo o que achamos já conhecer”.
Esta será a primeira residência desta criação. Ainda numa fase de investigação, Nuno Lucas pensa a linguagem dos mais jovens e integra as especificidades linguísticas regionais para refletir sobre o significado da mesma na sua peça final.
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