Muitos condutores, em situações de menor quantidade de combustível, já optaram por colocar o carro em ponto morto para tentar poupar. Esta prática, apesar de comum, levanta dúvidas sobre a sua real eficácia e segurança. Afinal, será que conduzir assim traz benefícios ou apenas riscos?
Segundo um especialista da DECO, esta ideia não passa de um mito e pode até ser perigosa. “Primeiro, o carro vai livre, vai sem nada a travá-lo, vai a ganhar velocidade e fica só dependente da capacidade de travagem dos travões. É menos seguro. Por outro lado, o carro em ponto morto está sempre a consumir. Um consumo residual, mas está sempre a consumir”, explica.
A segurança é um fator essencial a ter em conta. Quando um veículo circula em ponto morto, o condutor tem menos controlo sobre a velocidade, sobretudo em descidas. Como o motor deixa de auxiliar na travagem, o carro fica apenas dependente dos travões, o que pode aumentar o risco de acidentes, especialmente em estradas inclinadas ou com condições adversas.
Além da segurança, existe o fator do consumo de combustível. De acordo com o Automóvel Club de Portugal (ACP), a maioria dos automóveis modernos está equipada com injeção eletrónica, um sistema que gere de forma eficiente a mistura de ar e combustível utilizada pelo motor.
O funcionamento deste sistema é controlado pela centralina, que ajusta a injeção conforme a necessidade do motor. Um detalhe importante é que, quando o carro circula com uma mudança engrenada e o condutor não está a acelerar, a injeção de combustível pode ser temporariamente cortada.
Por outro lado, a Pplware refere que, se o veículo estiver em ponto morto, o motor precisa de continuar a receber combustível para se manter ligado. Isto significa que, ao contrário do que muitos pensam, esta prática não reduz o consumo, podendo até aumentá-lo.
Um exercício simples permite comprovar este facto. Muitos automóveis possuem um visor de consumo instantâneo no painel de instrumentos. Para testar, basta engatar uma mudança numa descida, tirar o pé do acelerador e observar o consumo indicado.
O resultado? O consumo desce para zero, pois o sistema de injeção corta o combustível. Já em ponto morto, o motor continua a necessitar de combustível para se manter em funcionamento, o que significa um desperdício desnecessário.
Colocar o carro em ponto morto para poupar combustível é um erro. Para além de não trazer qualquer vantagem real, ainda compromete a segurança do condutor e dos outros utilizadores da estrada.
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