A chegada da chuva intensa volta a colocar um problema conhecido para milhares de condutores: os lençóis de água que se formam repentinamente na estrada. São situações que parecem inofensivas, mas podem provocar perda de controlo (aquaplanagem) ou danos mecânicos sérios. Guias de segurança rodoviária explicam que atravessar zonas inundadas sem avaliar a profundidade e sem adequar a velocidade continua a ser um dos erros mais frequentes.
Os primeiros episódios de chuva forte transformam rapidamente estradas e avenidas em áreas alagadas, algumas discretas, outras quase intransitáveis. Em ambos os cenários, o risco é real. Nos lençóis mais superficiais, basta uma fina lâmina de água para desencadear aquaplanagem, fenómeno que levanta os pneus do asfalto e deixa o condutor sem capacidade de travar, acelerar ou virar. Nas zonas mais fundas, o perigo passa a ser mecânico, podendo afetar admissão, eletrónica e outros componentes essenciais.
Antes de atravessar: avaliar, parar e decidir
A regra começa antes da travessia: reduzir muito a velocidade ou, idealmente, evitar a zona alagada. Se não existir alternativa segura, avaliar a profundidade é crucial (marcas da via, passeios, viaturas de referência). As orientações conservadoras aconselham não atravessar água com mais de aproximadamente 10 cm; com aproximadamente 30 cm um carro pode flutuar ou ser deslocado.
Quando a profundidade é excessiva, a traseira do veículo pode começar a flutuar, sobretudo em modelos com motor dianteiro, o que aumenta o risco de perda de controlo. Muitos lençóis de água escondem tampas de esgoto levantadas, buracos ou detritos.
Durante a travessia: controlo, relação curta e aceleração estável
Se a travessia for inevitável, engrene 1.ª/2.ª (ou modo manual nas caixas automáticas), avance muito devagar e crie a menor onda possível. Evite oscilações de velocidade: mantenha um ritmo constante, sem acelerar nem travar de forma brusca, e não pare a meio. Manter rotações elevadas ajuda a evitar que entre água pela admissão (e reduz o risco de entrada pelo escape).
Deixe sempre outros veículos passar primeiro e observe a sua passagem para avaliar profundidade e trajetória segura. Em SUV ou veículos mais altos, a técnica deve ser exatamente a mesma: a altura extra não elimina os riscos mecânicos.
Depois da travessia: travões, sinais de alerta e inspeção rápida
Ao chegar a zona seca, teste os travões suavemente para remover água acumulada. Luzes de aviso, perda de potência, funcionamento irregular ou fumo branco denso e persistente no escape são alertas a levar a sério. Se o motor calar após atravessar água, não tente voltar a pegar: peça assistência.
Os danos podem sair caros
A travessia de um simples lençol de água pode transformar-se numa despesa de centenas a milhares de euros. Basta o equivalente a uma “chávena de café” de água aspirada pela admissão para arruinar um motor; em casos graves (hidrolock), a reparação pode implicar motor novo. Serviços de emergência e entidades de segurança estimam que, após inundações, uma parte significativa dos veículos com danos de água no motor/eletrónica é abandonada ou considerada perda total.
O perigo na autoestrada: aquaplanagem e perda total de controlo
Em autoestrada, o risco aumenta: uma fina lâmina de água a velocidade elevada é suficiente para provocar aquaplanagem, deixando o carro literalmente a “flutuar” sobre o filme de água. Nessa situação, não trave nem vire bruscamente; alivie gradualmente o acelerador e mantenha as mãos firmes no volante até recuperar tração.
Condução prudente, velocidade moderada e atenção são as melhores defesas sempre que a chuva regressa de forma intensa. O importante é chegar em segurança.
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