Isaura tem 30 anos e venceu o “Festival da Canção” em 2018, ao lado de Cláudia Pascoal. O tema que cantaram tinha o nome “Jardim” e fala das perdas que sofremos ao longo da vida e a saudade que elas nos trazem.
A cantora sofre de cancro da mama desde o inicio deste ano. E se o mundo passa por uma altura difícil, o mundo de Isaura sofre maiores reviravoltas. Nas redes sociais, colocou um texto emocionante:
“Da sala de tratamento – Se me tivessem perguntado se queria ter cancro evidentemente que escolhia, assinava e lacrava o contrato de não ter. Quando penso sobre isto vem-me sempre à cabeça aquela cena do Scary Movie em que ela vai a fugir e se depara com e por esta ordem: uma banana, uma bomba, uma faca militar, uma faca de cozinha e uma pistola. Rio-me sempre como se tivesse ficado condenada à banana; do género, se escolhi fiquei claramente com a banana! Voltando ao assunto: preferia não ter cancro e não saber o nome de certos medicamentos. Mas no segundo em que jogo sozinha e na minha cabeça ao “Preferias” também pondero que se esta fava não me tivesse calhado não saberia quão fortes as pessoas são. Mas fortes de verdade, na realidade!, não fortes na superfície epidérmica da palavra; fortes mesmo. E não falo de mim, falo das pessoas com o dobro e quase triplo da minha idade que me acenam do outro lado da sala porque sou sempre (ou quase sempre) a mais nova que por aqui passa”.
De modo a alertar os país sobre o confinamento, Isaura continua a mensagem, dizendo que “o confinamento tornou-se uma obsessão extrema, quase obsessiva, que parecia não acabar. É devastador e indescritível. Entristece-me dizer, mas não acho que ela seja a única, acho que há outros jovens a passar exatamente pelo mesmo, a sentir-se muito vulneráveis, talvez muito assustados com a covid-19“.
A batalha de Isaura continuará. A do mundo, também. Esperemos que o “Jardim” que em 2018 foi à “Eurovisão”, volte novamente a florir.