A Rússia retomou a mobilização de jovens para o serviço militar obrigatório na altura em que se prolonga a invasão na Ucrânia, tendo o Kremlin garantindo que os novos recrutas não vão ser enviados para a guerra.
Todos os anos, dezenas de milhares de russos com idades compreendidas entre os 18 e os 27 anos são mobilizados para o Exército, cumprindo dois períodos de recruta: na primavera e no verão e depois nos meses de outono.
Para a mobilização da primavera de 2022, o presidente Vladimir Putin fixou como objetivo a recruta de 134.500 jovens, de acordo com um decreto publicado esta sexta-feira pelo Kremlin “para o período de um ano”. As primeiras incorporações nas unidades militares devem ocorrer no final de maio.
No entanto, muitos jovens russos conseguem evitar o serviço militar obrigatório pagando subornos ou através do prolongamento das autorizações médicas ou relacionadas com estudos académicos. A atual mobilização é decretada em plena ofensiva da Rússia contra o território ucraniano.
No dia 9 de março, o Ministério da Defesa russo admitiu que jovens recrutas que cumprem o serviço militar obrigatório foram enviados para combates na Ucrânia e que alguns foram capturados pelas forças da Ucrânia.
O Exército russo disse na altura que os recrutas foram enviados para a Ucrânia “por engano” e que os jovens iam ser “repatriados”, no entanto, o Kremlin disse esta sexta-feira que, de acordo com as instruções de Vladimir Putin, apenas militares profissionais – com contrato assinado -, combatem na Ucrânia.
Vários órgãos de comunicação russos independentes relataram casos de recrutas que foram coagidos ou “encorajados” a assinar um contrato e depois enviados para a guerra da Ucrânia, mas a 29 de março, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, voltou a afirmar que nenhum recruta vai ser enviado para “zonas de combate”, acrescentando que os jovens, cujo serviço militar termina nos próximos meses, vão passar à condição de reservistas e enviados para casa.