No centro histórico da cidade do barrocal algarvio, as poucas pessoas que por ali circulavam utilizavam, na sua maioria, máscaras de proteção, para evitar a propagação da covid-19, apesar de o seu uso só ser obrigatório em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.
À porta da barbearia Barradas, três pessoas, com o distanciamento exigido, aguardavam a sua vez para serem atendidas, embora tivessem feito marcações por telefone.
“Fiz marcação e estou à espera para ser atendido”, disse à reportagem da Lusa um dos clientes da barbearia, enquanto aguarda pela sua vez no passeio do outro lado da rua e distanciado de outras pessoas.
Aquele residente no concelho de Silves confessa ter algum receio de contrair a doença, mas manifestou confiança em quem presta o serviço pelo qual aguarda.
“O medo de contrair a doença é constante, mas penso que com o distanciamento social e com o cumprimentos das regras de higiene e segurança por parte de quem presta o serviço, existe maior conforto e confiança”, confidenciou.
Para Paulo Jorge, a abertura de alguns ramos do comércio “é essencial para manter a economia a funcionar e permitir que as pessoas possam usufruir de serviços, como o de cabeleireiro, porque nem todos têm condições e sabem cortar o cabelo em casa”.
À Lusa, o proprietário da barbearia Barradas, Ezequiel Barradas, disse que a agenda está toda preenchida neste primeiro dia no regresso à atividade depois do levantamento do estado de emergência.
“Estamos a trabalhar apenas com marcações, cumprindo com todas as normas de higienização, e neste regresso ao trabalho temos uma agenda preenchida até ao fim do dia. Temos recusado muitos pedidos para este primeiro dia”, sublinhou.
A poucos metros da barbearia Barradas, a cabeleireira Andreia, ‘equipada’ de máscara e luvas, tem igualmente “o dia completo”, não aceitando “mais marcações”.
“A maioria das pessoas faz marcações por telefone, sendo o serviço para arranjos de cabelo aquele que tem maior procura, porque as pessoas gostam de se sentir bem com elas próprias e também sempre dão um dedo de conversa”, referiu.
Embora no primeiro dia do plano de desconfinamento o trabalho não falte, os dois empresários manifestam alguma apreensão para o futuro: “Estamos na expectativa, porque não sabemos como é que as coisas vão ser no futuro, verificando-se igualmente alguma apreensão e medo do novo coronavírus nas pessoas que nos procuram”.
Por seu turno, o proprietário do talho Azul, Gregório Cabrita, que manteve o estabelecimento sempre em funcionamento, referiu que o movimento reduzido de pessoas no centro de Silves “é idêntico ao dos dias em que vigorava o estado de emergência”.
“Hoje não há um movimento superior ao de outros dias”, disse o empresário e cortador, enquanto atendia um cliente à porta do seu estabelecimento, mantendo o distanciamento de segurança.
Também Bruno Oliveira, empresário do ramo da restauração com um estabelecimento no centro da cidade, considera que “o movimento é semelhante ao de outros dias, desde há um mês e meio”.
“No domingo verificou-se um maior movimento de pessoas, mas hoje está bastante reduzido”, referiu o empresário que mantém o ‘snack-bar’ Pão de Forma aberto, com serviço de refeições para fora.
Portugal entrou no domingo em situação de calamidade, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência, desde 19 de março.
Esta nova fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.