O sonho de comprar casa própria é partilhado por muitos, mas a viabilidade deste objetivo varia significativamente de país para país. Um estudo recente da BestBrokers.com revela quantos meses de salário médio são necessários para adquirir uma casa de 100 metros quadrados em diferentes países europeus. A análise considera o preço médio dos imóveis, o rendimento mensal líquido e as taxas de juro hipotecárias ajustadas à inflação, oferecendo um panorama detalhado das disparidades no acesso à habitação na Europa.
Os países onde é mais fácil comprar casa
De acordo com o relatório, a Dinamarca é o país mais acessível da Europa para comprar casa. São necessários 114 salários líquidos para adquirir uma habitação de 100 metros quadrados, o equivalente a cerca de 9,5 anos de trabalho. Este dado surpreende, especialmente considerando que a Dinamarca foi classificada como o país mais caro da União Europeia em 2023, com preços de bens e serviços 43% acima da média comunitária, segundo o Eurostat.
Seguem-se a Irlanda e a Suécia, onde são precisos 123 e 129 salários líquidos, respetivamente, para comprar uma casa do mesmo tamanho. Estes números traduzem-se em cerca de 10 anos de rendimentos anuais, posicionando ambos os países no topo do ranking de acessibilidade habitacional.
Os países onde é mais difícil adquirir uma habitação
No outro extremo da tabela, encontram-se países da Europa Central e de Leste, onde a aquisição de casa se torna uma tarefa quase inatingível para muitas famílias. Na Eslováquia, por exemplo, é necessário o equivalente a 297 salários líquidos para comprar uma casa de 100 metros quadrados. Se um trabalhador conseguir poupar metade do seu rendimento líquido mensal, seriam necessários 50 anos de poupança rigorosa para concretizar este objetivo.
A República Checa também apresenta números alarmantes, com os preços das casas a exigir esforços financeiros semelhantes. Estes dados refletem as dificuldades que muitas famílias enfrentam nestes países, agravadas por salários médios mais baixos e preços de imóveis relativamente elevados.
E fora da Europa?
A análise da BestBrokers.com abrange também países fora do continente europeu, destacando disparidades ainda mais acentuadas. A África do Sul lidera como o país mais acessível do mundo, com uma casa de 100 metros quadrados a custar 71 salários líquidos médios. Seguem-se os Estados Unidos, onde são necessários 76 salários líquidos, o equivalente a cerca de seis anos de rendimentos anuais.
Por outro lado, países como o Nepal e a Turquia encontram-se no fundo do ranking global. No Nepal, a compra de uma habitação requer impressionantes 684 salários líquidos, enquanto na Turquia o número chega a 631, equivalendo a mais de 52 anos de trabalho.
Uma contagem teórica com limitações práticas
É importante notar que os números apresentados são teóricos e não consideram despesas básicas, como alimentação, habitação temporária, cuidados infantis ou outros encargos que reduzem a capacidade de poupança. Assim, na prática, o tempo necessário para poupar para uma casa pode ser substancialmente superior ao indicado.
Além disso, o relatório destaca que a arquitetura financeira e as condições de crédito variam entre países, influenciando diretamente a acessibilidade à habitação. Em países onde as taxas hipotecárias são mais altas, o custo total de compra de uma casa aumenta consideravelmente, tornando o acesso à habitação ainda mais difícil para muitos.
Uma realidade contrastante
Este estudo ilustra como o acesso à habitação na Europa e no mundo reflete desigualdades económicas significativas. Enquanto em países como a Dinamarca, Irlanda ou Suécia o esforço financeiro é relativamente menor, regiões como a Europa de Leste ou países asiáticos enfrentam desafios monumentais.
No entanto, os dados também sublinham a importância de políticas públicas que promovam habitação acessível, especialmente em mercados onde os preços dos imóveis crescem de forma desproporcional em relação aos rendimentos médios. Com a inflação e as taxas de juro a desempenharem um papel crucial no mercado imobiliário, garantir o direito à habitação permanece um desafio prioritário para governos e sociedades.
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