A Polícia Judiciária deteve dois homens e duas mulheres, com idades compreendidas entre os 44 e os 51 anos, por fortes indícios da prática de, pelo menos, vinte crimes de falsificação ou contrafação de documento, dez crimes de burla qualificada, e ainda dois crimes de falsidade informática.
A investigação iniciou-se no ano passado, “na sequência duma queixa apresentada por uma mulher que viu a sua casa ser vendida por alguém que se tinha feito passar por si e pelo seu marido”, segundo avança a PJ em comunicado, acrescentando que esta “começou a ser notificada por instituições de crédito e sociedades financeiras para pagar empréstimos que não tinha contraído e relativamente aos quais as mensalidades se encontravam em atraso”.
A investigação veio não só “a apurar que o caso dessa queixosa não era o único, como também a identificar os presumíveis autores das situações até agora conhecidas”.
O principal suspeito, cujos rendimentos advinham exclusivamente das vantagens obtidas com estes crimes, determinava os outros três, a requererem créditos junto de Instituições de Crédito ou em Sociedades Financeiras, em uso de identidades falsas.
Para que os créditos fossem aceites pelas entidades financeiras, o principal mentor fabricava comprovativos de morada, comprovativos de rendimentos ou de remunerações, e encomendava, na darknet, documentos de identidade estrangeiros com os dados biográficos das vitimas, mandando apor neles as fotografias dos outros três.
Para evitar que as vitimas descobrissem os contratos de crédito que estavam a ser celebrados em nome delas, e também no intuito de acompanhar, a par e passo, a tramitação e o histórico dos processos de crédito, os suspeitos tinham o especial cuidado de indicar moradas por si controladas.
Em alguns dos casos, venderam ainda imóveis destinados à habitação, que sabiam estar livres de ónus ou encargos, de pessoas por quem se fizeram passar nas escrituras de compra e venda, com documentos de identidade falsos ou com procurações falsas.
Segundo a PJ, “a investigação já apurou que os autores utilizaram, pelo menos, sete identidades distintas, em uso das quais procederam, primeiramente, à abertura de contas bancárias, que depois provisionaram com os valores dos contratos de mútuo e de cartão de crédito que celebraram, ou com os valores pelos quais venderam os imóveis, valores que, até ao momento, totalizam já, no seu conjunto, mais de € 350.000 (trezentos e cinquenta mil euros)”.
Além da detenção dos autores, a Policia Judiciária realizou também buscas domiciliárias e apreendeu dinheiro, documentos falsos, equipamentos informáticos e outros objetos utilizados nos crimes.
Os detidos foram presentes a primeiro interrogatório judicial, na sequência do qual lhes foram aplicadas as medidas de coação, nomeadamente, a de prisão preventiva a dois deles, um dos quais o principal suspeito, e as de apresentações periódicas e proibição de contactos aos restantes dois.