Quando o assunto é ouvir música durante o estudo ou trabalho, as opiniões divergem. Algumas pessoas acham que a concentração só é possível com um tipo específico de música, enquanto outras sentem que qualquer ruído as distrai. A questão central permanece: a música melhora ou prejudica o desempenho, e existe um tipo musical mais adequado para cada tarefa?
A psiquiatra Inês Homem de Melo destaca, em declarações ao Viral, que este é um tema popular, especialmente hoje, em que temos acesso a vastas bibliotecas musicais em qualquer lugar. No entanto, a evidência disponível é mista e, por vezes, inconclusiva, com estudos a indicarem diferentes conclusões.
Para compreender essa dualidade, é essencial considerar três fatores, conforme explicado pela especialista:
1. Ouvinte:
- A preferência musical e a personalidade do ouvinte desempenham um papel crucial.
- O efeito da música varia entre pessoas extrovertidas e introvertidas.
- Outros aspetos incluem o hábito de ouvir música durante tarefas, idade e proficiência musical.
2. Tarefa em Questão:
- A natureza da tarefa importa; tarefas verbais, como ler e escrever, podem reagir de maneira diferente a tarefas não verbais, como resolver problemas de matemática.
3. Tipo de Música:
- Volume, género musical, ritmo (rápido ou lento), complexidade e presença de letra são variáveis críticas.
- Se é na língua nativa do ouvinte também influencia.
Embora a complexidade desses fatores torne o tema desafiador de estudar, algumas tendências foram identificadas. Em tarefas muito complexas, é consensual que a música simples, rápida, baixa e sem letra é mais indicada. Já em tarefas básicas, a música pode ter mais complexidade, mas ainda rápida.
Inês Homem de Melo destaca que, devido às diferenças individuais, não existe uma resposta única sobre qual música é prejudicial ou benéfica. A influência da música no desempenho cognitivo é altamente dependente da pessoa.
Como utilizar a música a favor do desempenho?
A música é eficaz para alterar o estado de ânimo, motivar e reduzir o stress. Mesmo que não haja consenso sobre este hábito durante uma tarefa, estudos são mais consistentes sobre ouvir nos intervalos e antes das tarefas. O “entrainment”, onde o cérebro sincroniza suas ondas ao ritmo da música, pode ser aproveitado ouvindo uma sonoridade motivadora antes da tarefa.
Deve escolher com base nos sues gostos pessoais, pois o que motiva uma pessoa pode não motivar outra. Sonoridades rápidas são mais propícias a trabalhar, enquanto que mais lentas são mais adequadas para estados de meditação e relaxamento.
Ruídos e batidas binaurais
Sons como ruídos brancos, castanhos e rosa, e batidas binaurais, principalmente em 40 hertz, estão sob investigação para potenciar a performance cognitiva. Embora a evidência não seja robusta, alguns estudos sugerem benefícios, especialmente nas frequências gamma.
Em conclusão, a relação entre música e desempenho cognitivo é multifacetada e personalizada. Descobrir o que funciona melhor para cada indivíduo pode ser a chave para otimizar a produtividade.
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