A relevância das terras raras no desenvolvimento de tecnologias de ponta tem vindo a ganhar destaque a nível global. Até agora, o foco recaía em regiões como a Ucrânia ou em potências dominantes no mercado, como a China. No entanto foram identificadas quatro jazidas raras em território nacional. Estas descobertas poderão posicionar Portugal como um protagonista estratégico neste cenário, com o potencial de transformar o futuro do país e da Europa.
Quatro jazidas identificadas no Alentejo
De acordo com a MiningWatch Portugal, citada pelo elEconomista, uma rede independente de monitorização da indústria extrativa no país, o Alentejo possui uma longa tradição mineira e alberga, pelo menos, quatro jazigos de terras raras junto à fronteira com a Estremadura. Estas reservas estão localizadas em Monforte-Tinoca, Assumar, Crato-Arronches e Penedo Gordo.
No caso de Monforte, a Iberian Resources Portugal já garantiu um contrato de prospeção e investigação para explorar o local, onde, além das terras raras, foram identificados minerais valiosos como ouro, prata, chumbo, zinco, tungsténio/volfrâmio e estanho.
Em Assumar, a mesma empresa submeteu um pedido de prospeção e investigação, abrangendo igualmente minerais semelhantes. A este processo junta-se o contrato para prospeção e investigação dos jazigos situados em Crato e Arronches.
Quanto ao jazigo de Penedo Gordo, o pedido de prospeção e investigação foi apresentado pela empresa Acúrcio Henriques Parra. Nesta área, está confirmada a presença de terras raras, bem como de outros minerais de interesse, como zircónio, háfnio, titânio, nióbio, tântalo, ítrio e escândio, entre outros, explica ainda a mesma fonte.
O caso da Estremadura
Por sua vez, na Estremadura espanhola, estudos geológicos apontam para a possível existência de depósitos semelhantes em áreas como Los Ibores, Campo Arañuelo, Alía, Burguillos del Cerro e Almendralejo, reforçando o potencial mineiro da região transfronteiriça.
A corrida internacional pelos minerais
No panorama internacional, vários líderes têm procurado assegurar o acesso a terras raras para reforçar a sua soberania energética e competitividade económica.
Donald Trump, por exemplo, tentou garantir estas matérias-primas por diversos meios incluindo a controversa ideia de anexar a Gronelândia, onde se estima existirem até 25% dos recursos mundiais, e a eventual obtenção de jazigos na Ucrânia. O objetivo passa por alcançar maior autonomia, sobretudo a nível industrial e energético, face a outras grandes potências.
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Potencial “muito favorável” para a região
De acordo com o mesmo especialista, “seria muito favorável” para a economia e o progresso social destas zonas caso esses recursos fossem confirmados e pudessem ser explorados.
Ainda assim, Fernández salienta que os dados atuais são desconhecidos, pois não se conhecem os jazigos, nem as reservas nem o processo metalúrgico, revelando as incertezas associadas à extração e ao processamento destes minerais numa fase inicial de estudo.
A importância crescente das terras raras
Vários setores da eletrónica às energias renováveis, passando pela indústria automóvel dependem cada vez mais destes elementos. Por isso mesmo, não espanta que, tal como refere Fernández, “foi nas últimas décadas que a procura disparou graças ao boom das novas tecnologias que utilizam estes elementos, principalmente nas últimas semanas com as notícias da Ucrânia”. Este panorama reforça a relevância estratégica da descoberta de jazidas raras em território português.
Uma oportunidade para Portugal e para a Europa
Caso Portugal e a Estremadura avancem na prospeção, extração e transformação das jazidas de terras raras, não só poderão reforçar as suas economias, como também assumir um papel de destaque na Europa, contribuindo para a autonomia tecnológica do continente.
A gestão e a valorização destes recursos podem constituir um aspeto crucial num futuro em que a transição energética e a indústria exigem cada vez mais matérias-primas críticas.
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