Mario Salcedo, um empresário cubano, atingiu uma marca impressionante ao realizar a sua milésima viagem a bordo de um cruzeiro, um feito que levou 25 anos a ser alcançado. No entanto, essa conquista não veio sem consequências. Salcedo revelou que, devido às suas constantes viagens no mar, perdeu o equilíbrio quando pisou terra firme, uma situação que descreve como sendo bastante bizarra. Trata-se de Síndrome de Mal do Desembarque, uma condição da qual lhe falaremos em seguida.
Em entrevista à revista Conde Nast Traveler, reportada pelo jornal New York Post, o cubano admitiu: “Perdi as minhas ‘pernas terrestres’. Balanço tanto que não consigo andar em linha reta”. Desde que iniciou as suas viagens, em 1997, Salcedo passou apenas 15 meses em terra firme, com uma interrupção significativa durante a pandemia de Covid-19.
A Síndrome de Mal do Desembarque
Este fenómeno foi diagnosticado por Elaine Warren, diretora da empresa norte-americana The Family Cruise Companion, que afirmou que Mario Salcedo sofre da Síndrome Mal do Desembarque. Esta condição, que é relativamente rara, ocorre quando uma pessoa se habitua tanto ao balanço do navio que, ao voltar à terra firme, sente como se o chão estivesse a mover-se.
A Síndrome do Mal do Desembarque é um distúrbio neurológico que afeta algumas pessoas após passagens prolongadas no mar. A principal característica é a sensação de que a terra está a mover-se depois de deixar o navio. Muitos que sofrem deste distúrbio relatam dificuldade em andar em linha reta ou sentir-se desorientados, o que pode ser desconcertante.
De acordo com Warren, a síndrome ocorre porque o corpo se acostuma com o constante balanço do cruzeiro, e isso pode afetar a perceção do equilíbrio. Quando a pessoa retorna à terra, a sensação de solidez e estabilidade do solo pode ser confusa. “Falei com pessoas que viveram no mar durante meses, e todas dizem que pisar de volta solo firme pode ser desorientador — quase como se a própria terra estivesse a mover-se”, explicou a especialista, segundo a Forever Young.
Em condições normais, a Síndrome do Mal do Desembarque tende a desaparecer em 24 horas, à medida que o corpo se readapta ao equilíbrio terrestre. No entanto, em casos mais graves, a condição pode persistir por meses ou até anos, como foi o caso de Salcedo, que viu o seu distúrbio durar mais do que o habitual.
Embora muitas pessoas desfrutem das viagens em cruzeiro como uma forma de lazer ou descanso, o caso de Mario Salcedo serve como um lembrete de que viagens prolongadas no mar podem ter impactos no corpo humano. A adaptação ao ambiente marítimo pode ser muito benéfica para o estado de espírito, mas também pode trazer efeitos secundários pouco conhecidos, como o Mal do Desembarque.
Este distúrbio revela algo fascinante sobre o corpo humano e a forma como o mesmo se adapta ao ambiente. O sistema de equilíbrio e a percepção espacial podem ser influenciados por fatores externos, como o movimento constante do mar. O caso de Salcedo não é único, mas destaca a capacidade do corpo humano de se ajustar e, por vezes, perder a sua adaptação quando há mudanças significativas de ambiente.
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