Morreu Aura, a fêmea de lince ibérico que vivia no centro de reprodução de El Acebuche de Doñana, em Espanha. Desde que foi encontrada, Aura teve um importante contributo na recuperação da espécie, deixando mais de 900 descendentes, de cinco gerações diferentes.
A fêmea tinha 20 anos e seis meses – uma idade além da esperança média dos linces ibéricos em liberdade, que ronda os 15 anos. A decisão de eutanasiar Aura foi tomada pelos tratadores com o objetivo de evitar o sofrimento físico do animal. O corpo foi transladado para o Centro de Análise e Diagnóstico da Fauna Selvagem em Málaga, avança o El País.
A história de Aura está muito ligada à recuperação da espécie: foi capturada em 2002, em Doñana, com cerca um mês de vida e passou a vida no jardim zoológico de Jerez de la Frontera. Na altura, havia apenas 100 linces ibéricos na Península Ibérica. Atualmente, esse número subiu para 1.365, segundo o último censos, e muito graças a Aura.
Aura teve a primeira ninhada de três crias com cinco anos – chamados Domo, Duna e Drago. Durante a vida somou 14 crias, dos quais seis foram libertados em várias regiões e os restantes mantêm-se no programa de reprodução. A sua descendência, direta e indireta, ultrapassa os 900 linces ibéricos. Desde 2018, altura em que parou de se reproduzir, Aura passou a estar em exibição, tornando-se embaixadora da espécie.

“Era um animal magnífico, com um caráter peculiar e mal-humorado, fazia o que queria quando queria. Era muito fácil trabalhar com ela. Foi retirado do campo com cerca de três semanas e menos de um quilo de peso. Em 2018, quando deixou de se reproduzir, foi colocado em um recinto de exposição e se tornou o embaixador da espécie para que visitantes e alunos pudessem ver seu comportamento”, conta ao El País Antonio Rivas, coordenador do El Acabuche.
Jéssica Reeves, que trabalhou durante 12 anos com Aura, lembra que a fêmea “era muito tranquila manejável e sempre separou muito bem seus filhotes após as brigas frequentes”.
“Ela abordava os cuidadores sem agressividade, não era esquiva. Como tinha sido alimentada com biberão, inicialmente procurava atenção, ronronando junto dos primeiros cuidadores e se aproximando da rede, mais tarde parou de procurar carinho”, conta, citada pelo El País.
No início dos anos 2000, os linces ibéricos eram considerados uma espécie em perigo crítico de extinção. Devido ao trabalho realizado nas últimas duas década por Espanha e Portugal, a espécie passou à categoria de vulnerável. Em Al Acebuche, a população de linces ibéricos é composta por 30 animais que vão salvaguardar a genética da espécie. A falta de alimento em meio natural, a caça ilegal e os acidentes de viação são os principais riscos para os linces ibéricos que estão em liberdade.
- Texto: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL