Os nomes das localidades muitas vezes carregam consigo uma riqueza de histórias, refletindo a filologia, a história e até mesmo lendas populares. Martim Longo, anteriormente conhecida como Vila Nova de Serqueira, é uma dessas localidades cujo nome evoca não apenas a sua história, mas também uma polémica em torno da sua grafia.
Segundo o blog Alcoutimlivre, antes de se tornar Martim Longo, durante as lutas entre liberais e absolutistas, a localidade era Vila Nova de Serqueira. Este nome foi alterado, ignorando até mesmo conhecimentos históricos fundamentais que remontam ao tempo de D. João I. A mudança foi marcada pela entrada em cena da figura do Remechido.
Uma controvérsia persistente em torno do nome é a sua grafia. Martim Longo, Martinlongo ou até mesmo Martilongo são variantes que têm sido propostas. Segundo a mesma fonte, oficialmente, a forma correta é separada, segundo informações recentes, mas algumas entidades responsáveis ainda adotam a versão de uma única palavra.
O primeiro elemento do topónimo, “MARTIM,” é uma forma proclítica de Martinho, um antropónimo que deu origem ao nome da localidade. Este padrão é observado em vários lugares pelo país, como Martim Brás, Martim Gil, Martim Filho, entre outros.
O segundo elemento, “Longo”, é o que suscita alguma perplexidade. De acordo com a tradição oral, este Martim é visto de diferentes perspetivas: proprietário, benemérito, longevo na vida ou de estatura elevada? A resposta permanece incerta.
José Pedro Machado, falecido dicionarista, sugeriu que o topónimo tem origem nos nomes de antigos proprietários locais e já é atestado desde 1376.
O caso de Martim Longo é apenas um entre os vários exemplos de antropónimos transformados em topónimos que se espalham pelo país. Outras localidades, como Martinhanes, Martingança e Martingato, seguem a mesma tradição.
Assim, Martim Longo é não apenas um ponto no mapa, mas uma narrativa entrelaçada com a história e a cultura local, onde o passado e a grafia controversa se entrelaçam numa complexa tapeçaria de identidade. O debate sobre a forma correta de escrever o nome persiste, mas, independentemente da grafia, a localidade continua a ser um testemunho vivo da riqueza linguística e histórica de Portugal.
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