A linha de comboio Maresme, que leva os passageiros de Barcelona para a costa há mais de 170 anos, está a ser engolida pelo mar.
No domingo, as fortes ondas acabaram por desmoronar uma parte da terra, ameaçando chegar à linha. A companhia ferroviária viu-se obrigada a interromper a circulação na ligação ferroviária mais antiga de Espanha.
A erosão costeira e o aumento do nível do mar põem em causa a sobrevivência da linha que já foi fortemente atingida pela tempestade Glória em janeiro de 2020. A empresa responsável, Adif, gastou cerca de 12 milhões de euros em reparações.
Antoni Esteban, da organização “Preservem el Maresme”, afirmou, citado pelo The Guardian: “mais uma Glória e será o fim da nossa linha de comboio”.
O comboio passa por 16 cidades e, ao longo do seu trajeto, por 37 praias e cinco marinas. Cerca de 100.000 pessoas utilizam esta linha nos dias úteis, mas durante o verão, está sempre lotada.
Joan Manuel Vilaplana, geólogo da pesquisa “Observatori del GeoRisc”, diz que a rápida urbanização das cidades do Maresme fez com que menos sedimentos fossem depositados, levando a uma crescente erosão. As marinas, também contribuem para o problema, já que “funcionam como armadilhas sedimentares”, explica o geólogo.
Foi acordado pela Adif e com os governos central, regional e local, um plano de 50 milhões de euros para a instalação de 20 quebra-mares de 150 metros de comprimento cada. Ainda assim, é pouco provável que seja colocado em prática, já que é o custo é muito elevado e as soluções a longo prazo, serão quase nulas.
A ideia de Vilaplana é mover a linha para o interior, junto à auto-estrada, mas o projeto foi recebido com pouco entusiasmo político, por causa do investimento. Os investigadores dizem ser a melhor solução para ir contra a erosão, ainda que o percurso perca a sua mais marcante característica como uma linha que parece viajar-se sob o mar.