
O Jornal Económico (JE) vai lançar ainda este mês o Algarve Económico, replicando o modelo que existe na Madeira, disse o diretor, Filipe Alves, à agência Lusa, admitindo alargar a ideia a outras regiões do país.
Lançado em setembro de 2016 – faz quatro anos em 2020 -, o título detido pela Megafin (ex-Oje) conta com uma edição na Madeira, o Económico Madeira, lançado em janeiro de 2017, com periodicidade mensal.
“Vamos replicar o modelo que temos na Madeira”, afirmou Filipe Alves, salientando que no caso do projeto da Madeira foi possível “viabilizar um projeto regional adequado àquele público específico”.
Na Madeira “conseguimos chegar a um público específico, agora a ideia é fazer o Algarve Económico”, cujo arranque “está previsto para o final de março”, acrescentou.
Trata-se de um “modelo igual ao da Madeira, vai ser um produto específico para a realidade do Algarve“, acrescentou.
“A nossa ideia é um dia cobrir o território nacional”, mas todas as decisões nesse sentido serão sustentáveis e tomadas “passo a passo”, salientou Filipe Alves.
Sobre se um dia haverá um projeto semelhante nos Açores, Filipe Alves admitiu essa hipótese.
A replicação deste projeto pode acontecer noutras regiões “através de parcerias com grupo locais”, disse, de modo a ter “a capacidade de responder de uma forma mais próxima, mais eficaz, àquela população, em vez de uma oferta padrão”, disse.
O lançamento do Algarve Económico é umas prioridades de aposta do JE este ano.
Outra delas é a aposta no multimédia, através do JE TV, a plataforma ‘online’ de vídeo.
“Temos feito experiências nesse domínio e temos tido bom ‘feedback'”, acrescentou Filipe Alves, dando o exemplo da parceria no canal A Bola TV, através do programa Jogo Económico.
No entanto, “não faz sentido fazer um canal convencional no cabo, a dimensão do mercado não permite”, apontou.
Por outro lado, “há muito potencial de audiência se tivermos uma plataforma ‘online'”, disse o diretor do JE.
Nesse sentido, a aposta vai continuar no JE TV e Filipe Alves não descarta eventuais parcerias com outros grupos de media neste âmbito.
“Somos um ‘player’ independente e como tal podemos trabalhar com diferentes grupos“, à semelhança do que acontece com A Bola TV.
Para além disso, há uma prioridade de “criação de conteúdos de qualidade”, através de cadernos especiais, sumplementos, com temas relevantes da atualidade.
“Os nossos suplementos não são comerciais”, sublinhou, apontado temas como o 5G ou a inteligência artificial como assuntos relevantes que conta com leitores interessados.
“Vamos ter cada vez mais coisas novas de conteúdo e de formato”, rematou o diretor do JE.
Para Filipe Alves, “o bom jornalismo” tem espaço no mercado porque “é necessário”.
“Sinto que as pessoas estão cada vez mais disponíveis para pagar, agora o formato – se é papel ou ‘online’ – é secundário”, salientou.
“O jornalismo tem de ser pago, tem de ser sustentável, não há nenhum setor que consiga sobreviver oferecendo de graça aquilo que produz”, sublinhou o jornalista, que apontou que o desempenho em 2019 “foi positivo”.
Em termos da edição semanal, “fechámos o ano de 2019 com uma circulação paga total (somando as vendas e assinaturas em suporte papel e digital) de 10.650”, afirmou.
“Este valor corresponde a mais do dobro dos 4.701 registados em dezembro de 2018 e quase quatro vezes mais do que os 2.840 de janeiro de 2018”, prosseguiu.
Relativamente a janeiro de 2018, referiu Filipe Alves, “deu-se um crescimento em todos os segmentos, incluindo nas vendas em banca”.
Destacou que “as assinaturas e vendas digitais continuam a ser o principal ‘driver’ [motor] de crescimento”.
O diretor do JE salientou que “os números de dezembro de 2019 ainda não contemplam os resultados da campanha de assinaturas digitais” e que permitiram “conquistar mais de meia centena de novos assinantes”.
Relativamente à rentabilidade, em 2019 o título reduziu os prejuízos e está quase no ‘break even’ [equilíbrio] operacional – em que as receitas estão quase a compensar os custos.
“Apostamos muito no digital como forma de ter novos leitores e conseguir vender os nossos conteúdos”, salientou, apontando que 60% da circulação é digital.
Filipe Alves referiu que a assinatura digital permite o acesso ao arquivo do jornal.
Para o diretor, “é indiferente” se os leitores compram em papel ou ‘online’.
“O que é importante é que comprem, somos um ‘site’ com um jornal em papel”, salientou, acrescentando que o jornal em papel é um ‘cartão de visita’ do projeto.
E sugeriu ainda por que não incluir o acesso a conteúdos informativos na fatura das telecomunicações. Isto porque as pessoas já pagam por aceder à Internet.
Filipe Alves considerou que o facto do JE estar a dar ‘cartas’ no mercado assenta numa aposta em “construir uma marca credível”, com “informação de qualidade” com “conteúdos que interessam” aos leitores.
“Os leitores querem informação especializada, de qualidade”, salientou Filipe Alves.
“Somos um projeto multiplataforma” e “damos passos ponderados”, concluiu.