Os mirtilos, conhecidos pelo sabor e benefícios nutricionais, enfrentam uma séria ameaça global devido a um fungo altamente contagioso. Identificado como Erysiphe vaccinii, este fungo tem causado prejuízos significativos em plantações em várias partes do mundo, incluindo Portugal. A doença, em desenvolvimento há mais de uma década, tem reduzido a produtividade das culturas e aumentado a dependência de fungicidas.
O fungo manifesta-se como um pó branco sobre as plantas, agindo como um parasita. Ele esgota os nutrientes das culturas e reduz a fotossíntese, enfraquecendo as plantas sem matá-las, permitindo a sua contínua propagação. De acordo com um estudo da Universidade Estadual da Carolina do Norte, as perdas anuais para a indústria de mirtilos situam-se entre 47 e 530 milhões de dólares. Michael Bradshaw, professor nesta universidade, alertou: “Este é um organismo difícil de controlar. A movimentação de material vegetal entre países está a espalhar este fungo.”
A escala da ameaça é impressionante, considerando que mais de quatro mil milhões de quilos de mirtilos são comercializados anualmente no mundo. Países como Estados Unidos, China e Portugal, altamente dependentes da produção desta fruta, estão entre os mais vulneráveis aos impactos económicos.
Em Portugal, bem como em Marrocos e Peru, foi detetada uma das variantes do fungo. Outra estirpe foi identificada na China, no México e na Califórnia. Curiosamente, fora dos EUA, o fungo reproduz-se apenas de forma assexuada, limitando a sua diversidade genética mas não a sua capacidade de propagação. Nos Estados Unidos, a reprodução é também sexual, permitindo maior adaptação.
Apesar da gravidade, há avanços no combate à doença. Investigadores criaram uma base de dados que permite identificar as estirpes do fungo presentes nas plantações. Segundo Bradshaw, “Esta ferramenta é essencial para monitorizar a resistência aos fungicidas e planear estratégias de controlo.”
Segundo a Executive Digest, e embora o principal alvo do fungo sejam os mirtilos, outras culturas, como trigo, uvas e morangos, também estão em risco. A ameaça reforça a necessidade de cooperação internacional para proteger a agricultura global e preservar a popularidade de frutas como o mirtilo, cujas origens remontam à América do Norte e que, ao longo da história, têm sido valorizadas por povos indígenas e consumidores modernos.
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