O nosso mundo está cheio de lugares fascinantes, conhecidos por condições muito peculiares, que os diferenciam dos demais. Neste caso, há uma razão para esta pequena cidade ser reconhecida. A meio caminho entre o Polo Norte e a Noruega continental, situa-se Longyearbyen, uma pequena localidade na ilha de Spitsbergen, parte do arquipélago das Svalbard. Apesar de poder ser reconhecida pelas suas temperaturas extremas ou por ser a cidade mais a norte do planeta, a sua fama neste caso deve-se a algo surpreendente: há mais de 70 anos que ninguém lá morre.
Embora seja a capital administrativa e económica das Svalbard, Longyearbyen tem apenas cerca de 2.400 habitantes. A vida nesta região remota está longe de ser simples, avança a Sapo Viagens. Localizada a 1.300 quilómetros do Polo Norte, a cidade vive longos períodos de escuridão total durante o inverno, e o frio extremo é uma constante, com temperaturas frequentemente abaixo dos 40 graus negativos.
O solo de Longyearbyen está permanentemente gelado, sem espaço para árvores ou outras plantas comuns. Apenas líquenes e musgos conseguem sobreviver ao ambiente de tundra ártica. Encontros com ursos polares fazem parte do dia a dia, e os habitantes deslocam-se muitas vezes em trenós puxados por renas ou cães husky.
Mas como é possível que, numa cidade com condições tão adversas, não se registem mortes há tanto tempo? A explicação está numa lei curiosa: há mais de sete décadas que é proibido enterrar corpos em Longyearbyen. Este regulamento deve-se ao efeito do permafrost, uma camada de gelo permanente que impede a decomposição natural dos corpos.
A medida foi tomada após uma grave epidemia ter assolado o arquipélago e causado várias mortes. Quando as autoridades decidiram exumar os corpos anos depois, perceberam que os cadáveres estavam quase intactos, o que levantou preocupações sobre o risco de propagação de doenças. Para evitar futuros problemas, o cemitério da cidade foi encerrado e os enterros proibidos.
Atualmente, Longyearbyen, a pequena cidade onde ninguém morre há mais de 70 anos, não possui lares de idosos, e qualquer pessoa com uma doença grave ou envolvida num acidente é transferida para o hospital mais próximo, localizado no continente, a duas horas de viagem. Até as mulheres grávidas têm de sair da cidade antes do parto, como forma de precaução. Assim, de forma oficial, “ninguém morre em Longyearbyen”.
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