
O Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano (ICArEHB) da Universidade do Algarve, em colaboração com a Câmara Municipal de Vila do Bispo, organizou mais um Dia Aberto na Jazida Arqueológica Paleolítica de Vale Boi. A iniciativa realizou-se no passado sábado, 20 de julho.
O sítio arqueológico, localizado perto da EN125, entre Lagos e Vila do Bispo ofereceu assim, a oportunidade de ver em detalhe o trabalho de escavação arqueológica, observar e manusear os artefactos exumados com mais de 30 mil anos, e colocar, na primeira pessoa, todas as perguntas aos arqueólogos e alunos que se encontram a trabalhar em Vale Boi.
Na iniciativa participaram “diversas crianças que demonstraram grande atração pelos artefactos expostos e pelos trabalhos em curso, participando também, em algumas das operações”, conforme refere nota de imprensa enviada pela autarquia lacobrigense.
Tratou-se do último dia de escavações arqueológicas em Vale de Boi, “após duas décadas de investigação no terreno e em laboratório. Os largos milhares de artefactos exumados no local exigem agora mais algumas décadas de investigação académica bem como a sua valorização expositiva e interpretação museológica num processo de partilha e devolução sociocultural que terá lugar no futuro Museu de Vila do Bispo – O Celeiro da História”, acrescenta.
Descoberto em 1998, “este importante sítio arqueológico é hoje reconhecido como a maior e mais antiga jazida paleolítica conhecida no sul peninsular, com registos cronológicos que se cifram em 34 mil anos. A sua investigação, promovida pela Universidade do Algarve, tem sido apoiada pela pela Câmara Municipal de Vila do Bispo, designadamente com a criação do NIA-VB – Núcleo de Investigação Arqueológica de Vila do Bispo, uma ferramenta de cooperação interinstitucional que funciona no CAI-VB – Centro de Acolhimento à Investigação de Vila do Bispo, equipamento municipal que reabilitou as desativadas instalações do antigo Jardim de Infância de Budens”.
Os trabalhos arqueológicos tiveram início no ano de 2000 e “têm-se pautado pela intervenção em três áreas distintas da jazida, que revelaram uma longa sequência cronológica, iniciada há mais de 30 mil anos com os mais antigos elementos da nossa espécie em Portugal”, pode ler-se.
Para além de inúmeros artefactos de caça e de atividades diárias, foram também exumados milhares de ossos de animais caçados, incluindo veado, auroque, cavalo, javali e coelho que terão servido para a alimentação desses caçadores-recolectores, bem como leão, lobo, raposa e lince, provavelmente caçados devido às suas peles. O marisqueiro fazia também parte da vida diária dessas primeiras comunidades humanas no Algarve. De realçar ainda, no sítio arqueológico de Vale Boi, a presença de elementos de arte móvel, característica do período paleolítico na Península Ibérica.
(SP/CM)