Nos próximos dias, a corrente de jato polar sofrerá uma alteração significativa na sua dinâmica sobre a Europa, levando a uma amplificação das suas ondulações. Este fenómeno poderá resultar na chegada de vales depressionários e depressões isoladas em altitude a Portugal, influenciando o estado do tempo no início de fevereiro.
Alterações na dinâmica atmosférica
As últimas semanas foram marcadas por tempestades atlânticas que impactaram Portugal e outros países europeus. Sistemas como Garoe, Éowyn, Herminia e Ivo foram intensificados por uma corrente de jato muito ativa e contrastes térmicos elevados entre massas de ar polar e subtropical sobre o Atlântico Norte.
No entanto, a recente tempestade Ivo apresentou um comportamento distinto das anteriores. Embora tenha mantido um desenvolvimento rápido, não teve uma intensificação tão pronunciada. A sua passagem originou uma descida mais acentuada das temperaturas e uma dinâmica atmosférica que começa a modificar-se.
O papel do jato polar
O jato polar, uma corrente de ventos muito fortes localizada entre 9 e 16 km de altitude, está a tornar-se mais irregular. Embora continue forte sobre o Atlântico, a sua trajetória ficará mais ondulada, originando cristas anticiclónicas nas latitudes mais altas e favorecendo a deslocação de vales depressionários para latitudes mais baixas. Esta configuração será mais evidente durante a primeira semana de fevereiro de 2025.
Impacto esperado em Portugal
Com esta alteração, as depressões que irão afetar Portugal serão mais fracas do que as anteriores, resultando numa redução da intensidade do vento e de precipitação menos persistente. No entanto, prevê-se uma descida das temperaturas mínimas, aumentando a probabilidade de geadas no interior Norte e Centro, particularmente nos distritos de Vila Real, Viseu, Bragança e Guarda.
Para domingo, 2 de fevereiro, está prevista a chegada de um vale depressionário pouco intenso, acompanhado por uma frente de fraca atividade. De acordo com Alfredo Graça, da Meteored Portugal, Esta poderá gerar precipitação fraca e irregular, além da possibilidade de queda de neve nas zonas mais elevadas das serras do país.
Possibilidade de bloqueio anticiclónico
Outro fator relevante para os próximos dias será o posicionamento de cristas anticiclónicas em latitudes mais setentrionais. Caso se consolide um anticiclone de bloqueio no norte da Europa, a circulação atmosférica poderá ser alterada, originando fluxos retrógrados que transportariam ar frio para o leste do continente e para o Mediterrâneo oriental.
Se este padrão persistir, massas de ar frio poderão deslocar-se para a Península Ibérica, alterando significativamente o panorama meteorológico. No curto prazo, Portugal deixará de estar exposto à clássica circulação atlântica, tornando as previsões meteorológicas mais complexas e sujeitas a uma maior incerteza.
A monitorização contínua deste cenário será essencial para avaliar o impacto das alterações na corrente de jato e eventuais repercussões no estado do tempo em Portugal e na Europa.
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