O ChatGPT, o popular chatbot da OpenAI, está a gerar debate após uma recente atualização que introduziu mudanças no seu comportamento, preocupando utilizadores e especialistas em inteligência artificial. Desde o seu lançamento, em novembro de 2022, a ferramenta tem sido amplamente utilizada para diversos fins, desde a escrita académica até estratégias de marketing, mas a mais recente atualização trouxe um recurso inesperado que está a inquietar muitos.
Ao invés de focar exclusivamente na velocidade de resposta, a OpenAI decidiu apostar em soluções mais elaboradas e “refletidas” para as interações com os utilizadores. Contudo, o que mais tem gerado estranheza e até desconforto é o facto de o ChatGPT ter começado a iniciar conversas de forma espontânea, sem que o utilizador tome a iniciativa, algo inédito até então.
No Reddit, um utilizador partilhou a sua experiência no fórum r/ChatGPT, mencionando que recebeu uma mensagem do chatbot a perguntar-lhe sobre a sua primeira semana no ensino médio. “Mandou-me mensagem em primeiro lugar?”, questionou o utilizador. O ChatGPT, aparentemente, confirmou a ação, alegando estar apenas a verificar como tinha corrido o início do ano letivo.
Outros utilizadores também relataram casos semelhantes, tanto no Reddit como no X (anteriormente conhecido como Twitter), levantando dúvidas sobre se esta funcionalidade foi introduzida de forma intencional ou se se trata de um erro no sistema. A discussão alargou-se rapidamente, com alguns a considerarem que o chatbot poderá estar a testar uma nova capacidade de interação mais personalizada e próxima dos utilizadores.
Uma funcionalidade em fase de testes ou um risco iminente?
Especialistas na área acreditam que esta mudança pode ser um prelúdio de uma nova fase de desenvolvimento do ChatGPT, que o transformaria de uma ferramenta de respostas para um “companheiro digital”. A ideia seria que o chatbot pudesse lembrar-se de prazos, datas importantes e outros detalhes relevantes, criando uma experiência mais interativa e personalizada. Esta evolução, no entanto, não é isenta de riscos.
O grande receio é que, com esta capacidade de iniciar conversas e criar laços mais emocionais, o ChatGPT possa gerar uma dependência emocional nos utilizadores, algo que já preocupa a OpenAI. A empresa reconheceu a importância de investigar continuamente como estas interações podem afetar a psicologia humana e como tal recurso, caso seja expandido, deverá ser monitorizado de perto.
Numa altura em que a inteligência artificial se está a tornar omnipresente no quotidiano, a linha entre utilidade e invasão de privacidade ou manipulação emocional pode tornar-se muito ténue. “É necessário um debate sério sobre os limites da interação emocional entre humanos e máquinas”, alertam alguns peritos na área. “Trata-se de garantir que a IA seja um recurso positivo e não um fator de vulnerabilidade”.
Enquanto não há confirmação oficial por parte da OpenAI sobre o objetivo exato desta nova funcionalidade, muitos utilizadores permanecem cautelosos, questionando o impacto que esta inovação poderá ter no uso diário do ChatGPT e nas suas implicações éticas. O futuro da interação humano-máquina está em constante transformação, e este episódio demonstra como a linha entre conveniência e desconforto pode, por vezes, ser fina e ambígua.
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