A nobreza portuguesa, marcada por histórias, feitos heroicos e uma tradição secular, deixou um legado profundo na identidade nacional. Um dos exemplos mais notáveis dessa herança encontra-se na Sala dos Brasões, no Palácio Nacional de Sintra. Este espaço impressionante exibe no teto os brasões das 72 famílias mais influentes da nobreza portuguesa do reinado de D. Manuel I. Antes de explorar as famílias representadas, é importante compreender como a nobreza portuguesa se formou e evoluiu ao longo dos séculos. Será que o seu apelido faz parte dessa elite histórica? Saiba mais agora neste artigo.
A nobreza portuguesa, segundo o NCultura, tem origem no período do Condado Portucalense, quando guerreiros, descendentes de fidalgos leoneses, se estabeleceram no norte do território. Estes primeiros nobres, detentores de terras e poder, ajudaram a definir a estrutura social medieval. Destacavam-se categorias como infanções, cavaleiros e escudeiros, antecessores da nobreza moderna.
Com D. Manuel I, a nobreza passou por uma reorganização significativa. As regras para a concessão de títulos e o uso de brasões tornaram-se mais rígidas, definindo uma aristocracia mais formal e hierarquizada.
Durante o reinado de D. Manuel I, a nobreza dividia-se em duas ordens principais. A Primeira Ordem incluía os Ricos-Homens, Moços Fidalgos, Fidalgos-Escudeiros e Fidalgos-Cavaleiros. Já a Segunda Ordem era composta por Escudeiros-Fidalgos e Cavaleiros-Fidalgos. Estes títulos não só refletiam o estatuto social, como também a proximidade e os serviços prestados ao rei. Apenas as linhagens mais ilustres integravam a Primeira Ordem.
A heráldica ganhou grande importância neste período. D. Manuel I determinou regras específicas para o uso de armas heráldicas, a fim de evitar abusos. Como parte desta organização, surgiu a Sala dos Brasões, no Palácio Nacional de Sintra, um tributo à nobreza e à autoridade régia.
No centro do teto da Sala dos Brasões, destacam-se as armas reais de D. Manuel I, rodeadas pelos brasões da sua descendência direta. À volta, encontram-se os brasões das 72 famílias mais importantes da alta nobreza portuguesa, representados sobre o ventre de veados, símbolo de força e nobreza.
Consulte aqui os brasões das famílias:
Nº | Nome | Nº | Nome | Nº | Nome |
---|---|---|---|---|---|
1 | Noronha | 25 | Azevedo | 49 | Lobato |
2 | Coutinho | 26 | Castel-Branco | 50 | Teixeira |
3 | Castro | 27 | Abreu | 51 | Valente |
4 | Ataíde | 28 | Brito | 52 | Serpa |
5 | Eça | 29 | Moura | 53 | Gama |
6 | Meneses | 30 | Lobo | 54 | Nogueira |
7 | Castro (da Penha Verde) | 31 | Sá | 55 | Bethancourt |
8 | Cunha | 32 | Corte-Real | 56 | Góis |
9 | Sousa | 33 | Lemos | 57 | Pestana |
10 | Pereira | 34 | Ribeiro | 58 | Barreto |
11 | Vasconcelos | 35 | Cabral | 59 | Coelho |
12 | Melo | 36 | Miranda | 60 | Queiroz |
13 | Silva | 37 | Tavares | 61 | Ferreira |
14 | Albuquerque | 38 | Mascarenhas | 62 | Sequeira |
15 | Andrade | 39 | Sampaio | 63 | Cerveira |
16 | Almeida | 40 | Malafaya | 64 | Pimentel |
17 | Manuel | 41 | Meira | 65 | Góios |
18 | Febos Monis | 42 | Aboim | 66 | Arca |
19 | Lima | 43 | Carvalho | 67 | Pinto |
20 | Távora | 44 | Mota | 68 | Gouveia |
21 | Henriques | 45 | Costa | 69 | Faria |
22 | Mendonça | 46 | Pessanha | 70 | Vieira |
23 | Albergaria | 47 | Pacheco | 71 | Aguiar |
24 | Almada | 48 | Sotomaior | 72 | Borges |
Curiosamente, apesar da ligação aos Descobrimentos, poucos brasões portugueses refletem o tema marítimo. Destacam-se, no entanto, o brasão de Nicolau Coelho, com um contra-chefe ondado em prata e azul, simbolizando o mar, e as armas da família Cabral, que, apesar da importância de Pedro Álvares Cabral, mantiveram-se praticamente inalteradas.
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