Dois engenheiros do Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI), no Porto, estão nomeados para o prémio de inovação do Instituto Europeu de Patentes pela criação de centrais fotovoltaicas flutuantes que seguem o sol.
Em comunicado, o Instituto Europeu de Patentes (IEP) revela hoje que os engenheiros Nuno Correia e Carla Gomes, bem como a sua equipa do INEGI, são finalistas do Prémio Europeu do Inventor 2022 pela criação de centrais fotovoltaicas flutuantes que seguem o sol “100% feitas a partir de materiais reciclados”.
O sistema, desenvolvido no âmbito de um contrato estabelecido entre a equipa de investigadores e empresa portuguesa SolarisFloat, permite que ilhas com painéis fotovoltaicos rodem e que os próprios painéis sejam direcionados de modo a maximizar a energia solar captada.
A solução, designada PROTEVS, funciona de forma autónoma, sendo que cada unidade contém 180 painéis fotovoltaicos numa espécie de ilha de cerca de 38 metros de diâmetro que roda lentamente em torno de um ponto central com a ajuda de motores elétricos.
“O sistema roda numa direção durante o dia, seguindo o sol, e na direção oposta durante a noite para regressar à sua posição inicial”, refere o IEP, acrescentando que a solução facilita a produção de energia solar, aumentando a eficiência dos painéis até 40%, comparativamente às soluções estáticas.
De acordo com o IEP, a solução foi concebida para ser usada em águas calmas, tais como lagos e albufeiras, sendo que para acomodar alterações ao nível da água, a ilha de painéis é fixada no lugar por um anel exterior preso com cabos e âncoras de comprimento flexível para que se possa mover para cima e para baixo até 20 ou 30 metros.
“O sistema fotovoltaico flutuante tem benefícios ambientais”, salienta o IEP, destacando que o mesmo é “neutro em carbono, não ocupa espaço em terra, impede o crescimento de algas e preserva os recursos hídricos”.
“Com a transição mundial para a neutralidade carbónica, o interesse em ilhas solares flutuantes tem vindo a aumentar, sobretudo porque estas ilhas não ocupam espaço em terra, libertando assim terreno passível de ser usado para fins agrícolas que tem vindo a escassear cada vez mais devido a questões como a poluição e a erosão dos solos”, acrescenta.
A instalação de sistemas fotovoltaicos na água pode aumentar a eficiência “até cerca de 15% em comparação com a instalação em terra”.
Durante o desenvolvimento da solução, os investigadores levaram ainda a cabo uma análise ambiental e descobriram que a invenção “ajuda a mitigar a escassez de água”, ao produzir sombras e atuar como corta-vento.
“A plataforma baixa a temperatura da água e reduz a evaporação em até 60%”, salienta o IEP, destacando que a redução da evaporação pode ajudar a mitigar a escassez de água.
O impacto do PROTEVS nos ecossistemas locais vai agora ser analisado num projeto-piloto liderado pela Organização de Investigação Científica Aplicada dos Países Baixos (TNO).
Citado no comunicado, o presidente do IEP, António Campinos, salienta que a solução desenvolvida pelos dois portugueses é “um excelente exemplo de como a tecnologia pode ajudar a reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e contribuir para uma utilização mais sustentável dos recursos da terra, ao mesmo tempo que encoraja o investimento em energias renováveis em larga escala.”
O produto desenvolvido vai agora ser comercializado pela SolarisFloat, que está também a considerar o desenvolvimento de uma solução em alto-mar num futuro próximo.
Os vencedores da edição de 2022 do Premio Europeu do Inventor do IEP, que reconhece inventores e homenageia soluções individuais e coletivas para alguns dos maiores desafios desde 2006, vão ser anunciados numa cerimónia virtual a 21 de junho.