José Amaro, presidente do Moto Clube de Faro, contou ao POSTAL a história que mais o marcou na 37ª edição da Concentração Motard. Um japonês, que em 2017 se encontrava a dar a volta ao mundo de moto, em Dezembro esteve alojado na sede do Moto Clube da capital algarvia. Após a estadia, prometeu regressar para a Concentração, desta vez em lua-de- -mel, com a sua futura esposa. E assim foi, voltou ao Japão, casou, e em Julho retornou a Faro. Para além disso, o casal todas as manhãs fazia questão de se dirigir à sede do Moto Clube para a limpar. À noite, e já no recinto, recolhia o lixo e limpava as mesas.
Orgulhoso, José Amaro confessa ao POSTAL: “uma pessoa que está em lua-de-mel e vem fazer isto, a nível de educação diz muito. Para nós ficará para sempre gravado e para ele também. Foi mais um a regressar ao seu país e a levar o nome de Faro e do Algarve além-fronteiras. Ele podia ter escolhido qualquer outro sítio no mundo, mas escolheu-nos a nós, logo é de enaltecer”.
Há 37 anos nasceu a primeira Concentração de Motos de Faro. José Amaro relembra ao POSTAL que estiveram presentes cerca de 200 motociclistas. Não existiam telefones e as casas-de- -banho eram estilo latrina. Trinta e sete anos depois, a Concentração de Faro é já uma das maiores da Europa. A edição deste ano contou com cerca de 18 mil inscrições, totalizando umas 25 mil pessoas no recinto.
Foram 15 concertos, 1.100 voluntários, 80 mil litros de cerveja vendidos e mais de 110 mil de água. Um investimento que rondou os 400 mil euros.
“Se for viável e possível ajudaremos Monchique e os Bombeiros”
Apesar de todos as notícias que faziam prever um possível desacato por parte de um grupo de motociclistas em específico, nada sucedeu. José Amaro é da opinião que “correu bem e dentro das perspectivas que tínhamos foi boa. As pessoas tiveram uma atitude impecável e só podemos tirar uma conclusão positiva do evento”. A mesma fonte contou ainda ao POSTAL: “Nunca tive medo que a concentração corresse mal, mas tive apreensão. Há que jogar um bocadinho à defesa em tudo e esse é o meu lema. Se pensarmos assim as coisas têm a probabilidade de correrem melhor”.
Dentro do recinto não existiram desacatos nem acidentes, contudo, o presidente conta que em Faro, Quarteira e Albufeira existiram furtos, tanto de motas como de algumas peças. Quanto a isso, José Amaro é claro: “era um grupo organizado que veio cá propositadamente para isso, mas não estavam dentro do recinto. É um caso que é da responsabilidade das autoridades.”
Ainda no rescaldo da Concentração, José Amaro afirma que as contas ainda não estão fechadas, por isso ainda não é possível prever com exactidão as receitas geradas pelo evento. À semelhança de outros anos, em que o Moto Clube doou parte das receitas à Cruz Vermelha ou a Associações, José Amaro explica que: “se for viável, daremos apoio à zona de Monchique ou aos Bombeiros. Contudo ainda não concluímos as contas, por isso ainda não sabemos com o que podemos contar”. Já em relação ao desfile, o presidente diz-se mais uma vez orgulhoso. “Foi um dos maiores e melhores que já tivemos” porque “a cidade saiu toda à rua para nos saudar. Fizeram questão de nos acompanhar e de estarem presentes e essa é a melhor homenagem que podíamos ter tido”, confessa. “Nunca sairá da minha memória, revela ainda José Amaro.
“Há coisas que temos de nos adaptar”
Quanto ao futuro da Concentração, o presidente do Moto Clube de Faro é prático: “vamos ver o que é que correu bem e o que correu mal. É uma coisa que fazemos todos os anos, juntamo-nos e analisamos tudo”. Isto para “ver se há hipótese de se realizar, porque eu e a direcção somos sempre 50/50 e consultamos sempre bem as coisas. Se não se reunirem condições, com muita pena nossa, não se realiza”.
Esta atitude por parte da direcção é justificada por José Amaro: “não podemos pôr em causa todo o trabalho que foi feito em 37 anos, nem permitir que alguém de fora o faça”. Há mudanças a serem feitas, nomeadamente nas condições sanitárias, uma vez que em pleno mês de Julho, casas-de-banho químicas parecem não ser a melhor opção. Porém, a essência tem de permanecer a mesma, como explica José Amaro: “há coisas que temos de nos adaptar, mas há outras que nunca podemos abdicar, que são a divulgação da amizade e o respeito pelo motociclismo. Tudo o resto vem por acréscimo”.
Por fim, o POSTAL questionou a José Amaro o que era preciso para se ser um motociclista. Segundo este, “não baste ter uma moto. É preciso ter o tal espírito de amizade e de se reconhecer que se gosta da liberdade. Isso é essencial e no motociclismo essa liberdade é totalmente diferente. É o criar amizades em todo o lado, independentemente da opção motociclística de cada um. Essa é a essência do Moto Clube de Faro e todos aqui são bem-vindos, desde que venham por bem”.
(Maria Simiris / Henrique Dias Freire)