A preservação do cavalo-marinho, espécie ameaçada de extinção e característica da Ria Formosa, é o principal objetivo de uma campanha de sensibilização que arrancou esta quinta-feira, 1 de agosto, em Faro, anunciaram os organizadores.

da Ria Formosa (Foto D.R.)
Organizada pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), pelo Parque Natural da Ria Formosa e pela Fundação Oceano Azul, a campanha denomina-se “A cavalgar para a extinção” e pretende “sensibilizar o público para a necessidade de proteger os cavalos-marinhos da Ria Formosa”.
A Ria Formosa é uma zona húmida protegida que abrange vários concelhos do litoral do sotavento algarvio e é um dos principais habitats onde o cavalo-marinho está presente, tendo chegado a albergar “a maior comunidade do mundo destes animais”, destacaram os organizadores.
A mesma fonte precisou que essa comunidade era constituída por “populações das duas espécies de cavalos-marinhos” e havia “milhões de indivíduos” na Ria Formosa, mas advertiu que, “duas décadas após esta descoberta, desapareceram 90% dos cavalos-marinhos” que existiam nessa zona húmida protegida do Algarve.
“Em 2018, solicitámos ao investigador da Universidade do Algarve Miguel Correia a realização de um censo, pois havia indícios de que as populações da ria estariam a ser delapidadas e as últimas contagens tinham sido realizadas em 2012. Em seis anos, desapareceram 600 mil cavalos-marinhos”, lamentou Emanuel Gonçalves, administrador da Fundação Oceano Azul, citado num comunicado das entidades organizadoras da iniciativa.
Emanuel Gonçalves advertiu também que as populações de cavalos-marinhos da Ria Formosa “correm o risco de não terem um número mínimo que permita a sua recuperação, extinguindo-se”, caso não sejam adotadas medidas para eliminar num “curtíssimo espaço de tempo” os “fatores de pressão identificados”.
“Esta campanha pretende sensibilizar o público e apontar três soluções concretas: Não apanhar ou tocar nos cavalos-marinhos, fundear os barcos de recreio com precaução evitando zonas de ervas marinhas e evitar fazer ruído com as embarcações fora dos canais de navegação”, adiantaram ainda os organizadores à Lusa.
A mesma fonte frisou que há “duas espécies existentes em Portugal” e elas “são particularmente vulneráveis a fatores de pressão (pesca ilegal, poluição sonora, alteração/destruição do seu habitat preferencial, nomeadamente áreas de pradarias de ervas marinhas), que os afetam direta ou indiretamente por serem peixes sedentários e frágeis”.
O diretor regional de Conservação da Natureza e Florestas do Algarve, Joaquim Castelão Rodrigues, reconheceu também que é “fundamental a execução de um plano de ação desenvolvido em parceria com entidades regionais e nacionais” para “a preservação destas espécies”.
A campanha teve lugar junto ao Cais das Portas do Mar, na baixa de Faro, onde são apanhados barcos para as ilhas barreiras da Ria Formosa, zona protegida que se estende desde o concelho de Loulé, no extremo poente, até Cacela Velha, no concelho de Vila Real de Santo António, e atravessa também os municípios de Faro, Olhão e Tavira.
(CM)