As armas nucleares pareciam fazer parte do passado até recentemente, quando as palavras soaram implicitamente da boca de Putin. Aquando da invasão russa à Ucrânia, essa hipótese estava no canto da mesa e agora parece estar posicionada no centro, diante dos olhos da NATO, da Ucrânia e da Rússia. Agora questiona-se: qual é que será a resposta da NATO se a Rússia utilizar armas nucleares?
A contraofensiva ucraniana estará a dar uma “dor de cabeça” a Putin, afirmam os especialistas. Prova disso é a mobilização militar parcial para a guerra e a corrida para anexar quatro regiões que não estão totalmente controladas pelo exército russo. No topo disto está a ameaça nuclear, que tem de ser “levada a sério”.
Perante este cenário, a Rússia não poderá ficar impune e a NATO será forçada a responder. De acordo com o ex-diretor da CIA, David Petraeus, os membros da Aliança Atlântica vão “aniquilar todas as forças convencionais russas que possam ser identificadas na Ucrânia”.
Assim sendo, seriam dizimadas as tropas de Moscovo, destruídos todos os equipamentos russos na Ucrânia e na Crimeia, assim como eliminados todos os navios russos no mar Negro.
No fundo, a NATO não planeia atacar diretamente a Rússia, caso esta recorra a armas nucleares para atingir os seus objetivos militares. Recorde-se que a Ucrânia não é membro da NATO, portanto a Rússia não está a atacar a aliança neste cenário.
No entanto, se a radiação derivada do recurso a estas armas se propagar aos países membros, poderia ser interpretado como uma ameaça.
É uma situação considerada delicada, porque “ninguém quer, novamente, entrar numa escalada nuclear. Ainda assim, é preciso mostrar que isto não pode ser aceite de forma alguma”, defende o ex-diretor da CIA à ABC News.
David Petraeus ainda não conversou com o conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, sobre a possível resposta dos EUA à escalada nuclear da Rússia.
“PUTIN ESTÁ DESESPERADO”
O antigo diretor da CIA considera que Putin está “desesperado” perante o retrocesso russo na guerra.
“A realidade do campo de batalha que enfrenta é, acho eu, irreversível. Nenhuma quantidade de mobilização caótica, que é a única maneira de descrevê-la; nenhum montante de anexação; nenhuma quantidade de ameaças nucleares, mesmo veladas, podem realmente tirá-lo dessa situação específica”.
Em algum momento, Putin terá de reconhecer isso, entende Petraeus.
“Em algum momento terá de haver algum reconhecimento disso. Em algum momento, terá de haver algum tipo de início de negociações, como disse o Presidente Zelensky, será o fim final”.
ATAQUE RUSSO A MEMBRO DA NATO CONTINUA EM CIMA DA MESA
O senador Marco Rubio, do comité de negócios estrangeiros do Senado, disse à CNN que Putin tinha duas opções: ou estabelecer linhas defensivas ou retirar-se e perder território.
“É bastante possível” que Putin possa atacar pontos de distribuição onde suprimentos dos EUA e aliados estão a entrar na Ucrânia, inclusive dentro da Polónia.
O senador republicano reconhece a ameaça nuclear, mas disse que a maior preocupação é “um ataque russo dentro do território da NATO, por exemplo, visando o aeroporto da Polónia ou algum outro ponto de distribuição”.
Marco Rubio segue a linha de que a NATO terá de responder a qualquer ataque, quer nuclear, quer dentro dos países membros, “como o fará dependerá da natureza do ataque e da escala”.
O artigo 5.º do Tratado Atlântico Norte, esclarece que em caso de ataque armado contra um ou mais países membros, seria considerado um ataque a toda a NATO.
- Texto: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL