Este domingo, no Dia Mundial das Zonas Húmidas, a associação ambientalista Zero voltou a alertar para a falta de atenção às zonas húmidas em Portugal, uma questão que afeta também de forma crítica o Algarve. A organização defende a realização de um inventário nacional das zonas húmidas e a implementação de um plano eficaz para mitigar os impactos das alterações climáticas nestes ecossistemas essenciais.
A região do Algarve é particularmente rica em zonas húmidas, como a Ria Formosa, o sapal de Castro Marim e a Ria de Alvor, locais classificados como Sítios Ramsar devido à sua importância ecológica e internacional. Contudo, a pressão humana, o avanço da agricultura intensiva e a proliferação de espécies exóticas invasoras representam ameaças significativas para estes habitats únicos.
A Zero sublinha que, em Portugal, 13 dos 31 Sítios Ramsar não possuem um plano de gestão adequado, o que dificulta uma preservação efetiva. No Algarve, as zonas húmidas não só enfrentam desafios devido ao turismo e à expansão urbana, mas também à crescente procura de recursos hídricos, como exemplificado pelos debates em torno de barragens e projetos de dessalinização.
As zonas húmidas desempenham um papel vital na sustentabilidade do planeta. São responsáveis por fornecer quase toda a água doce disponível, além de serem habitat para 40% de todas as espécies conhecidas de animais e plantas. Funcionam como barreiras naturais contra desastres, como tempestades, inundações e secas, e são fundamentais no armazenamento de carbono, contribuindo assim para o combate às alterações climáticas.
Para a Zero, a negligência destes ecossistemas tem impactos negativos não só na biodiversidade, mas também em atividades humanas como a pesca e o turismo sustentável. O avanço da agricultura intensiva e a construção de infraestruturas inadequadas aumentam a pressão sobre estes locais.
Apelo à ação no Algarve e no resto do país
A Zero apela ao Governo para que inicie um inventário nacional das zonas húmidas, acompanhado de um plano para mitigar os impactos das alterações climáticas. A associação lembra que, apesar de Portugal ter aderido à Convenção de Ramsar em 1980 e contar com 31 Sítios classificados, existem lacunas significativas na sua gestão e proteção.
Este ano, o Dia Mundial das Zonas Húmidas, celebrado desde 1997 e reconhecido pelas Nações Unidas em 2021, tem como tema “Proteger as zonas húmidas para o nosso futuro comum”, uma mensagem que a Zero considera especialmente urgente para a região algarvia. A associação reforça que o Algarve, como uma das regiões mais afetadas pelas alterações climáticas, deve ser uma prioridade nas políticas de conservação da natureza.
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