O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, e o presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez, são a partir desta quarta-feira cidadãos honorários de Faro, depois de terem recebido as chaves da cidade das mãos do presidente da Câmara local, Rogério Bacalhau.
Numa cerimónia realizada por ocasião da XXXV Cimeira Ibérica, que esta quarta-feira se realiza na cidade algarvia entre os Governos dos dois países, o presidente do município distinguiu Luís Montenegro e Pedro Sánchez com os títulos de cidadãos honorários da cidade, reconhecendo-lhes o trabalho realizado em prol da comunidade e da cooperação luso-espanhola.
“É um enorme orgulho e honra, enquanto presidente da Câmara Municipal de Faro, poder ter esta oportunidade, única e, quiçá, irrepetível, de receber no nosso concelho, e em particular aqui na nossa casa da democracia, os chefes de Governo de Portugal e de Espanha, dr. Luís Montenegro e dr. Pedro Sánchez. Este é um momento naturalmente simbólico para o município de Faro, que aqui assinalamos com esta cerimónia da entrega das Chaves de Honra da Cidade”, afirmou o presidente da autarquia nas palavras que proferiu na cerimónia.
O autarca considerou que tanto o primeiro-ministro português como o presidente do Governo espanhol “ficam, a partir de agora, de forma indelével e permanente, vinculados” a Faro.
“De hoje em diante, Faro passa a ser também a vossa cidade. Muito obrigado e sejam, serão sempre, bem-vindos”, afirmou o presidente da Câmara, destacando a escolha de Faro para albergar a cimeira “no atual e complexo contexto geopolítico”.
O autarca manifestou ainda a sua confiança em que o encontro sirva para “reforçar excelentes e históricas relações bilaterais entre Portugal e Espanha e ajudar a dar respostas conjuntas aos muitos desafios” e “afirmar a coesão territorial” e reforçar a União Europeia.
“Sabemos que vivemos hoje tempos de grande incerteza e transformações profundas no cenário geopolítico mundial, desde logo com o regresso de uma guerra ao espaço europeu e o reacender de outros conflitos à escala global, que têm, naturalmente, impacto junto das nossas comunidades”, argumentou.
As mudanças climáticas, crises migratórias, tensões comerciais, a evolução tecnológica e a inteligência artificial ou o ressurgimento de disputas territoriais ou por recursos naturais constituem-se também como “desafios globais” que vão “exigir” respostas ”cada vez mais colaborativas” e o “aprofundar” de laços e cooperação estratégica, sinalizou.
Entre esses desafios estão, segundo o autarca, a “seca e escassez de água”, para o qual Portugal e Espanha “já estão e têm de continuar a trabalhar de forma conjunta e coordenada” ou as ligações ferroviárias entre Portugal e Espanha.
“Neste ponto permitam dizer que, além da importância estratégica da ligação de alta velocidade entre Lisboa e Madrid e Porto e Vigo, que vemos como urgentes, seria também de justiça fazer lançar uma ligação ferroviária entre Faro, Huelva e Sevilha. Ao fazê-lo, estaremos a contribuir para o futuro e para o desenvolvimento económico, social e ambiental da Euroregião, bem como para a coesão dos nossos territórios com o resto da Península e da Europa”, apelou.
Rogério Bacalhau apelou, por último, a que os dois países aproveitem “uma oportunidade histórica” com a execução do Plano de Recuperação e Resiliência, “ajudando a preparar” os territórios dos dois países para o futuro.
Após a cerimónia de entrega das chaves da cidade, na qual os governantes não tomaram a palavra, Luís Montenegro e Pedro Sánchez visitaram o Museu de Faro, onde iniciaram depois uma reunião entre chefes de Governo.
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