Entre o Barrocal e a Serra do Caldeirão, no concelho de Loulé, encontra-se a aldeia da Penina, um pequeno refúgio algarvio onde a tradição e a natureza coexistem harmoniosamente. Com apenas 66 habitantes, esta localidade tem vindo a destacar-se pelo seu património cultural e pelas iniciativas comunitárias que visam preservar a sua identidade e atrair visitantes.
Caracterizada por ruas estreitas e calcetadas, a aldeia reflete a arquitetura rural típica da região, onde as casas brancas contrastam com os tons quentes da paisagem envolvente. Uma das joias arquitetónicas da aldeia é a sua chaminé do século XIX, um símbolo da tradição construtiva algarvia, que evidencia o cuidado artesanal dos antigos moradores.
A proximidade à Rocha da Pena, uma formação calcária classificada como Paisagem Protegida Local pelo ICNF, é um dos seus principais atrativos. Este local, além de ser um paraíso para os amantes da natureza, oferece um trilho sinalizado que parte da aldeia e permite explorar a biodiversidade e a geologia únicas da região.
A cultura da Penina é marcada por uma forte ligação às suas raízes históricas e tradições. Os habitantes mantêm vivas práticas como a confecção de peças de artesanato em madeira e palha, muitas vezes inspiradas pelas necessidades do quotidiano rural. A gastronomia local, rica em sabores autênticos, inclui pratos como o “cozido de grão” e as “migas de milho”, que representam a simplicidade e a essência da cozinha algarvia. Além disso, as festividades populares são momentos de celebração comunitária, onde não faltam música tradicional e danças típicas.
A Penina tem também um papel importante na promoção do Geoparque Algarvensis, uma iniciativa que pretende obter a classificação da UNESCO. Entre os pontos altos desta candidatura está a descoberta de uma jazida paleontológica que revelou o Metopossaurus algarvensis, uma espécie de salamandra gigante que habitou a região há mais de 200 milhões de anos.
Eventos culturais e comunitários, como o “Penina em Festa”, têm vindo a dinamizar a aldeia, promovendo tradições locais e atraindo visitantes. Este evento, que inclui atividades artísticas, ambientais e gastronómicas, é uma oportunidade para os habitantes partilharem as suas histórias e costumes.
Uma das figuras mais emblemáticas da aldeia é Maria Alice Ferreira, de 81 anos, que transformou a sua residência num pequeno museu dedicado à memória local. Entre os objetos expostos encontram-se ferramentas agrícolas e peças de artesanato que testemunham o quotidiano de outrora.
Com uma forte aposta na valorização do património e na dinamização de atividades culturais, a aldeia da Penina tem vindo a afirmar-se como um destino singular, onde o passado e o presente se encontram em harmonia total. O ambiente tranquilo da aldeia, envolvido pela serenidade da natureza, torna-a num local apreciado para relaxar e recarregar energias. Para os que procuram um local autêntico, a Penina oferece uma viagem ao coração da cultura algarvia.
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