Quem está no Algarve e pretende fazer uma visita à vizinha Espanha, se quiser atravessar a fronteira terrestre terá de ir até Castro Marim, onde se ergue o primeiro troço da Ponte Internacional do Guadiana. Caso queira fazer a travessia de barco, mas com o seu automóvel por perto, pode sempre recorrer ao ferry que liga a cidade de Vila Real de Santo António a Ayamonte, pelo rio Guadiana.
No entanto, durante apenas três dias, será possível também chegar a pé a Espanha a partir da vila de Alcoutim. É que entre os dias 4 e 6 de abril vai decorrer o Festival do Contrabando, que vai promover a ligação entre Alcoutim e Salúncar através de uma ponte pedonal flutuante. Para além de poder atravessar o Guadiana a pé, conte também com as já clássicas bancas de artesanato, animação de rua, música e a gastronomia típica do nordeste algarvio.
O Festival do Contrabando celebra-se em Alcoutim, uma vez que o contrabando era uma prática comum nas regiões portuguesas próximas da fronteira com Espanha.
No século XVI, os castelhanos passavam ilegalmente para Espanha os escravos que chegavam ao Algarve vindos de África. Era na zona de Alcoutim que também se passava o gado, o tabaco, o sal e o açúcar para a vizinha Espanha, onde tudo isto era depois vendido.
Alcoutim era um dos maiores pontos de contrabando até ao século XIX
Sabe-se que nos finais do século XIX, a Guarda-Fiscal criou vários postos para controlar o comércio ilícito e entre Mértola e Vila Real de Santo António chegaram a existir 26 postos, sendo que mais de metade destes estavam instalados em Alcoutim. Também em Espanha passaram a existir vários pontos de controlo do comércio ilegal.
Perante esta realidade, os contrabandistas tiveram de encontrar novas soluções para manter a sua atividade, já que esta garantia a subsistência de muitas famílias.
O Festival do Contrabando vai ter teatro e música popular
Nos dias de hoje, o Festival do Contrabando é uma forma de recordar aquela que era uma prática tão comum no passado, em Alcoutim. Entre 4 e 6 de abril de 2025 conte com teatro de rua, música popular, contadores de histórias, exposições e performances artísticas «que dão voz à ruralidade, ao envelhecimento e às tradições da região.
Leia também: Adeus carta de condução? Saiba qual é a idade máxima para continuar a conduzir