Este ano a área ardida total no Algarve soma 530 hectares originados em 321 ocorrências, das quais 20 foram incêndios florestais e 301 fogachos (menos de um hectare de área ardida). Os dados são os últimos disponibilizados no relatório provisório do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e dizem respeito ao período entre 1 de Janeiro e 31 de Agosto.
Os resultados do Departamento de Gestão de Áreas Classificadas, Públicas e de Protecção Florestal do ICNF, são sempre de lamentar e os 530 hectares ardidos na região não são despiciendos, muito menos para quem viu o fogo deixar um rasto de destruição no sítio onde vive, mas a verdade é que, comparativamente com outras zonas do país, o Algarve tem sido poupado a grandes incêndios até ao momento nesta época de fogos.
A região com os 530 hectares ardidos até ao momento, representa apenas 0,56% da área total ardida no país que soma já 94.155 hectares.
Nos últimos dez anos, entre 1 de Janeiro e 31 de Agosto, 2013 foi o sexto ano com menor área ardida na região. O ano que neste período menos hectares consumidos pelas chamas teve foi 2011 (73 hectares), seguido de 2010 (90 hectares) e de 2006, o terceiro ano com menor área ardida total, com um registo de 118 hectares, para o mesmo período.
O drama do país
O drama dos incêndios no país este ano tem nomes próprios. Cinco bombeiros, Cátia Pereira Dias, Bernardo Figueiredo, Ana Rita Pereira, Pedro Rodrigues e António Ferreira, por quem os amigos e familiares choram e com quem o país se solidarizou, mas a verdade é que, até 31 de Agosto, este nem foi dos anos com maior área ardida total.
De facto, de acordo com os dados do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, a área ardida ficou mesmo abaixo da média anual dos últimos dez anos para o período entre 1 de Janeiro e 31 de Agosto. Este ano arderam 94.155 hectares contra os 118.358 ardidos em média por esta altura.
Os anos com maior área ardida até esta data e a nível nacional foram 2003, com 378.289 hectares, seguido de 2005, com 301.030, e 2010, com 125.225 hectares de área ardida total.
Mas o fogo não se contabiliza somente pela extensão ardida, mas em particular pelas vidas que ceifa enquanto lavra e muito em especial pelas vidas de soldados da paz que rouba ano após ano.
As ocorrências na região
O relatório provisório do Departamento de Gestão de Áreas Classificadas, Públicas e de Protecção Florestal do ICNF revela ainda que, até 31 de Agosto, os bombeiros algarvios responderam a um total de 254 ocorrências no âmbito dos fogos florestais. Em média 1,04 ocorrências por dia. Não obstante, a verdade é que em grande medida estas se concentram nos meses de calor e, por isso, os homens que combatem os incêndios têm nos últimos meses vivido debaixo de alerta constante.
No que respeita a ocorrências até 31 de Agosto, os anos com maior número de pedidos de ajuda aos bombeiros para resposta a fogos florestais na região foram 2006, com 531, seguido de 2007, com 499, e de 2012, com 475.
Os anos negros dos incêndios no Algarve
No que respeita aos anos com maior área ardida dos últimos dez anos no Algarve e, uma vez mais até 31 de Agosto, são negras as cifras registadas em 2003, com 43.893 hectares de área total ardida (com destaque para o incêndio na Mexilhoeira Grande com 26 mil hectares e em Silves, com 14.950), 2004, com 30.548 hectares (com destaque para o fogo em Odeleite com 4.087 hectares e em Tavira em que arderam 3.690 hectares), e os 22.181 hectares ardidos no ano passado, dos quais 21.437 só no incêndio que afectou Tavira e São Brás de Alportel. Nos restantes anos da última década e neste mesmo período apenas em 2009 a área ardida ultrapassou os mil hectares .
Na redução consistente das áreas ardidas na região, excepção feita ao ano de 2012, em muito contribuíram os meios afectos ao combate aos incêndios na região, bem como, a melhoria na formação e qualificação dos operacionais. As técnicas de combate, nomeadamente a primeira intervenção feita em triangulação – ataque simultâneo feito pelas três corporações de bombeiros mais próximas do foco inicial do incêndio -, e os meios aéreos, são outras das mais-valias na resposta regional aos fogos florestais.