Pelo menos oito oligarcas russos foram encontrados mortos sob circunstâncias suspeitas desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro deste ano. Em comum têm o facto de serem multimilionários e nomes ligados ao setor energético russo. Mas, afinal, que onda de mortes suspeitas é esta?
Tudo começou a 18 de abril, em Moscovo. As autoridades russas encontram o oligarca Vladislav Avayev, a mulher e a filha de 13 anos mortos no seu luxuoso apartamento na capital. O multimilionário tinha uma pistola na mão, levando a polícia a crer que se tratou de um homicídio seguido de suicídio.
No dia seguinte, na Catalunha, a polícia espanhola recebe um telefonema vindo de França. Tratava-se de Fedor Protosenya, filho do oligarca russo Serguei Protosenya. Na chamada, Fedor conta às autoridades espanholas que há horas que não consegue entrar em contacto com a mãe.
Numa visita à mansão da família Avayev na região de Lloret de Mar, na Catalunha, a polícia espanhola acaba por encontrar os corpos de Serguei, da esposa e da filha. Presumem que o multimilionário terá esfaqueado a mulher e a filha até à morte, tendo-se enforcado de seguida no jardim.
No entanto, é nesta altura que as dúvidas começam a surgir. Em menos de 24 horas, duas famílias de oligarcas russos ligados ao setor energético são encontradas mortas em circunstâncias suspeitas e com muitas questões por responder.
A LISTA DE OLIGARCAS RUSSOS ENCONTRADOS MORTOS
Avayev e Avayev foram os primeiros dois casos na onda de mortes que se viria a desenrolar. Seguiu-se Leonid Schulman, de 60 anos, diretor da Gazprom, a petrolífera estatal russa, encontrado morto na casa de banho da sua casa em São Petersburgo, com uma carta que apontava para o seu suicídio.
Leonid não foi o único oligarca da Gazprom a ser encontrado morto. O vice-presidente da empresa, Alexander Tyulyakov, de 61 anos, foi encontrado enforcado em casa, também em São Petersburgo.
Seguiu-se o caso de Vasily Melnikov, antigo funcionário da empresa de equipamentos médicos MedStom, encontrado morto no apartamento ao lado da mulher e dos filhos, de 4 e 10 anos, na cidade russa de Nizhny Novgorod.
O magnata russo nascido na Ucrânia Mikhail Watford foi também encontrado morto em casa, em Surrey, no Reino Unido, a 28 de fevereiro. Watford, de 66 anos, foi encontrado pelo jardineiro enforcado na garagem. A polícia britânica diz não ter motivos para suspeitar das circunstâncias da sua morte.
Em maio, Andrei Krukovsky, diretor da estação de esqui Krasnaya Polyana, junto à cidade russa de Sochi, caiu de um penhasco. Estaria a caminhar pelo local quando se deu a queda.
A morte mais recente é a de Alexander Subbotin. O antigo gestor de topo da empresa russa Lukoil terá morrido por envenenamento depois de visitar um Xamã para curar uma ressaca.
QUAL É A EXPLICAÇÃO PARA ESTA ONDA DE MORTES?
São já oito os oligarcas russos que morreram em circunstâncias insólitas nos últimos três meses. Mortes que estão a gerar especulação por todo o mundo. Há quem questione até o possível envolvimento do Kremlin e do próprio Presidente russo, Vladimir Putin.
Nos últimos anos, foram várias as tentativas de assassinato de críticos do Kremlin. Em 2018, Serguei Skripal, ex-agente duplo, foi envenenado no Reino Unido com o agente nervoso Novichok. Dois anos mais tarde, o mesmo aconteceu ao principal líder da oposição, Alexei Navalny, envenenado no aeroporto de Tomsk, na Rússia. Ambos sobreviveram aos ataques.
No entanto, o que separa estes dois casos da onde de mortes é que nenhum dos oligarcas russos encontrados mortos era conhecido por ter feito comentários públicos críticos sobre a guerra na Ucrânia. Também nenhum deles fazia parte da lista de sanções internacionais.
Um texto publicado recentemente pelo Warsaw Institute, uma publicação online especializada na Rússia, afirma que tanto as autoridades russas como os serviços de segurança da Gazprom iniciaram investigações nos locais das mortes que ocorreram na Rússia.
“Possivelmente, algumas pessoas ligadas ao Kremlin estão a tentar encobrir vestígios de fraude em empresas estatais”, afirma o instituto.
Apesar das alegações, não há, até ao momento, provas que apoiem essa teoria ou o envolvimento de terceiros nas mortes destes oligarcas russas.
- Texto: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL