
Pelas 16 horas, junto à Escola Secundária João de Deus reuniram-se, ontem, centenas de pessoas com o intuito de caminharem pela e com a comunidade LGBTI+.
A marcha foi organizada, pelo segundo ano consecutivo, pela Associação para o Planeamento familiar (APF). Segundo António Filhó, presidente da APF, “a marcha esteve bastante animada. No início receávamos que estivessem presentes menos pessoas, mas a adesão foi ótima. Tivemos aqui, cerca de 500 pessoas e, este ano, noto que estão mais jovens a aderir, o que é fantástico!”.
“Este ano, a marcha comemora um acontecimento que ocorreu há 50 anos. Na altura, um grupo de mulheres da comunidade LGBTI insurgiu-se, fez um protesto. Protesto esse, que foi violento e teve muita força policial. A partir daí, a comunidade juntou-se e desde aí que existem estas marchas”, referiu Rita Barros, diretora executiva da APF.
De acordo com a mesma fonte, a iniciativa começou no ano passado porque “sentimos necessidade de fazer esta marcha, visto que não existia representatividade desta comunidade LGBTI na região do Algarve”. Acrescentou, ainda que, “este ano, de forma voluntária e com o sucesso que tivemos no passado, já tivemos mais apoios locais e pretendemos continuar”.
O objetivo principal da marcha é “dar voz à comunidade e também saberem que a APF está aqui para defender os seus direitos sexuais e reprodutivos”, adiantou Rita Barros.
António Filhó disse ao POSTAL que “nota-se que a população começa a ficar habituada e começa a aderir de forma espontânea e mais amigável. A nossa missão na APF é lutar pela igualdade de direitos na área da saúde sexual e reprodutiva entre géneros, assim como lutar contra a discriminação relativamente aos grupos LGBTI”. Avançou, ainda, que “é importante colocar e corrigir na lei algumas imperfeições, na medida em que, a execução, na prática, das leis que nós temos, muitas vezes não é feita. Os próprios profissionais de saúde e de educação, muitas vezes, acabam por continuar a discriminar determinado tipo de grupos e determinado tipo de pessoas”.
As ruas de Faro ficaram manchadas de cor e alegria, pelas bandeiras representativas da comunidade e pela música que acompanhou toda a marcha, que se dividiu em dois momentos.
No primeiro momento da iniciativa foi realizada a Marcha, entre as 16 e as 18 horas. Tendo tomado percurso na Praceta do Infante (junto à Escola Secundária João de Deus), descendo a Avª 5 de Outubro, Parque da Pontinha, Rua de Santo António, e terminando no Palco da Doca (Junto ao Jardim Manuel Bivar). O segundo momento do evento, já no Parque da Doca começou com a leitura do Manifesto, documento no qual constam os direitos que a Comunidade LGBTI+ quer ver consagrados no futuro, seguindo-se um momento de animação com vários convidados.
Várias foram as entidades como o MAPS, a AMPLOS, o IPDJ, o Bloco de Esquerda, o PAN, a ILGA, a OPUS Diversidades que estiveram presentes e que deixaram a sua marca no evento.
No evento esteve também presente a secretária de Estado para a cidadania e igualdade, Rosa Monteiro. “Estas marchas são amor, alegria e diversão, mas são também manifesto, são direito a ser e a marchar contra a homofobia”, começou por dizer a secretária de Estado. Recordou, ainda que “este ano celebram-se nove anos de novos direitos e é este o caminho que temos de fazer sem parar, sem olhar às dificuldades. Não desistam da reivindicação da liberdade e do espaço público!”
Rita Barros terminou dizendo que “o nosso evento já faz parte do roteiro das marchas da Europa, o que nos congratula muito reconhecerem a nossa marcha como uma marcha que defende os direitos das pessoas. Esta iniciativa tem toda a importância para a região algarvia, porque não existia nenhuma instituição que ‘tivesse a coragem’ de fazer uma marcha destas e trouxesse as pessoas para a rua”. Acrescentando, que “este é um evento com capacidade para crescer e que vai marcar o Algarve”.
(Eunice Silva / Henrique Dias Freire)