A Secretaria de Estado das Pescas acolheu, na passada sexta-feira, uma importante reunião que juntou as Comissões de Pescadores e População da Costa Portuguesa, representantes de vários municípios e entidades ligadas ao setor marítimo e ambiental. Em cima da mesa esteve a discussão sobre a criação de um Grupo de Trabalho dedicado à pesca apeada do sargo no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV), uma iniciativa que surge na sequência da portaria que estabelece o defeso das espécies Sargo Legítimo e Sargo Safia nesta área protegida.
A reunião, presidida pela Secretária de Estado das Pescas, Cláudia Monteiro de Aguiar, contou com a participação de representantes dos municípios de Sines, Odemira, Aljezur e Vila do Bispo, assim como de entidades como a Autoridade Marítima Nacional, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), o Centro de Ciências do Mar (CCMAR) e a Secretaria de Estado do Ambiente. O objetivo foi claro: debater o período de defeso, o Regulamento de Controlo para a pesca apeada e medidas complementares que garantam a sustentabilidade destas espécies no PNSACV.
Entre os principais resultados deste encontro destaca-se o compromisso assumido com o IPMA para a realização de um estudo que permita determinar com maior precisão o período de defeso do sargo na região. Este estudo será essencial para ajustar as regras de pesca às necessidades biológicas da espécie, assegurando a sua preservação a longo prazo. Além disso, foi acordado um protocolo com os municípios envolvidos, focado na melhoria da segurança e da sinalização nas zonas de pesca lúdica do Parque Natural, uma medida que visa proteger tanto os pescadores como o ecossistema local.
A criação do Grupo de Trabalho da Pesca Apeada do Sargo no PNSACV surge como uma resposta à crescente necessidade de conciliar a atividade piscatória, que tem um peso significativo na cultura e economia das comunidades costeiras, com a proteção ambiental numa área de grande valor ecológico. A pesca apeada, praticada por muitos ao longo da costa, enfrenta agora o desafio de se adaptar a regulamentações que promovam a sustentabilidade, num contexto de alterações climáticas e pressão sobre os recursos marinhos.
Os participantes saíram da reunião com a convicção de que este é um passo importante para encontrar um equilíbrio entre a tradição da pesca e a conservação da biodiversidade. “É fundamental ouvir as populações e os pescadores, mas também garantir que as próximas gerações possam continuar a beneficiar destes recursos”, afirmou uma fonte próxima da Secretaria de Estado das Pescas ao Postal do Algarve.
Com o estudo do IPMA em curso e o protocolo de segurança em preparação, os próximos meses serão decisivos para definir o futuro da pesca do sargo no PNSACV. A expectativa é que o Grupo de Trabalho, uma vez constituído, traga respostas concretas e consensuais para os desafios identificados, reforçando o papel do Algarve e do sudoeste alentejano como exemplos de gestão sustentável do património natural.
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