O Auditório do IPDJ em Faro vai ser palco, nos dias 29 e 30 de abril, pelas 21:00, da estreia de “As Mulheres de Alba”, nova criação do grupo SinCera, que regressa aos palcos com uma performance intensa e arrebatadora. A peça, encenada por Telma Saião, parte das linhas dramáticas do clássico “A Casa de Bernarda Alba”, de Federico García Lorca (1936), reinterpretando-o com uma visão contemporânea, onde crítica social e força feminina se entrelaçam.
Nesta adaptação, o silêncio torna-se grito e o desejo é pecado. Num ambiente claustrofóbico, marcado pela repressão, pelo medo e pela ausência de liberdade, as mulheres confrontam-se com as amarras impostas pela honra e pelas convenções sociais. A encenação convida o público a mergulhar num universo onde o poder – sobre si, sobre o outro – é veneno e sedução, confronto e destruição.
“As Mulheres de Alba” apresenta-se como uma experiência performativa despida de filtros. Aqui, a luta não é travada contra figuras masculinas, mas contra espelhos distorcidos da própria identidade. O palco é habitado por mulheres que resistem, enfrentam e sucumbem no mesmo gesto, num espaço onde o poder de ser e de dominar se afirma como desejo absurdo – e fatal.
A produção assume-se como um grito artístico de e para a juventude. O grupo SinCera, formado por estudantes, projeta-se rumo ao futuro com uma criação onde a dor se veste de arte e a alma se despe, dando corpo a uma linguagem visceral, onde o silêncio nunca será a última palavra.
O SinCera, grupo de teatro da Universidade do Algarve, foi fundado em 1990 por um dos nomes mais relevantes da história do teatro no Algarve: o pedagogo, dramaturgo e encenador José Luís Louro. É nesse domínio que o SinCera promove formação em expressão teatral dirigida a toda a comunidade académica da Universidade do Algarve, procurando envolver os estudantes em diversos cursos de iniciação teatral com a participação de profissionais especializados na área.
O grupo foi uma verdadeira plataforma de lançamento para inúmeros projetos culturais de reconhecida qualidade, tendo-se afirmado, durante vários anos, como a única companhia de teatro num raio de 200 quilómetros. Ao longo do seu percurso, formou cerca de 2.500 estudantes na prática teatral e esteve na origem de grupos como a ACTA, o Al-Masrah e a ArQuente. Inativo desde 2016, o grupo universitário reafirma-se na UAlg em 2022, renovando o compromisso com a prática teatral, através de uma convocatória promovida por um grupo de estudantes da Escola Superior de Educação e Comunicação da UAlg.
Após seis anos de pausa, o SinCera regressa em força em 2023, no âmbito da formação de 2022/2023, com a estreia do espetáculo “A Rapariga da Gabardine Amarela”, apresentado no Teatro das Figuras. A encenação esteve a cargo de Carolina Santos e foi livremente inspirada na obra homónima de Jon Fosse, em parceria com a Mákina de Cena, contando com mais de três dezenas de participantes.
Desde então, o SinCera mantém-se ativo, trabalhando em estreita colaboração com Carolina Santos e a Mákina de Cena para manter viva a tradição do teatro universitário na Universidade do Algarve.
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