O Prémio Manuel Gomes Guerreiro foi atribuído, por unanimidade, a João Pedro Almeida Meneses. O premiado é doutor em Engenharia Biomédica pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (2024), tendo iniciado o seu percurso nessa área com o mestrado, também em Engenharia Biomédica, na Universidade de Coimbra, em 2004.
Colaborou com vários departamentos científicos (e empresas) em projetos relacionados com oftalmologia/optometria, reabilitação da visão humana e diagnóstico de doenças.
João Meneses candidatou-se ao prémio Manuel Gomes Guerreiro com o seu trabalho doutoral centrado no design, fabricação e modelagem numérica de sistemas de biorreatores na área da engenharia de tecidos.
A abordagem de design culminou na fabricação de um birreator, através de uma técnica de impressão 3D (fuse deposition modelling), e na validação do modelo digital, através de medições experimentais. Esta metodologia poderá levar a uma melhoria sustentada e à otimização geral das culturas in vitro, e reduzir os custos associados às culturas celulares, através da diminuição do número de testes e da otimização do material utilizado.
Segundo o júri do prémio, “o trabalho ostenta uma grande originalidade e qualidade”, sendo composto por sete capítulos, a maioria dos quais assente em vários artigos publicados, nomeadamente nas revistas Scientific Reports e Polymers, bem como num conjunto alargado de Conference Proceedings e apresentações em congressos internacionais.
Tendo em conta os resultados obtidos pelo trabalho realizado, nomeadamente o desenvolvimento de modelos numéricos e digitais para a cultura de tecidos, adivinha-se um importantíssimo impacto no campo da engenharia biomédica, fator decisivo para lhe atribuir o mencionado prémio.
Para o premiado, este reconhecimento é importante a vários níveis. “Pessoalmente, pelo selo de credibilidade dado pela Universidade do Algarve ao meu trabalho doutoral, e que é expressão direta do meu empenho e dedicação ao longo de vários anos. Por outro lado, traduz-se numa forte motivação para seguir esta linha de trabalho, onde tenho a ambição de contribuir para a criação da próxima geração de bioreatores celulares, que a par do sistema físico per se, inclua sistemas de atuação controlados por previsões de modelos numéricos e validados em tempo real por sensores embebidos.”
Sobre o facto de ver o seu trabalho reconhecido, João Meneses refere: “Faz-me acreditar mais em mim, na minha forma de trabalhar e na visão que tenho para este desafio científico em particular.”
O agora premiado sempre foi apaixonado por pensar em abordagens multidisciplinares para resolver problemas, atualizar sistemas e melhorar resultados. “Tornei-me uma pessoa autodidata e criativa, que procura explorar e aprender diariamente as ferramentas necessárias para superar os desafios em cada desenvolvimento.”
Na sua opinião, “os trabalhos doutorais têm alguma dificuldade em encontrar plataformas de discussão e avaliação independentes que se traduzam numa mais valia para o trabalho desenvolvido e que aceitem candidaturas globais”.
Assim que concluiu o doutoramento começou a procurar e encontrou no prémio Manuel Gomes Guerreiro, “uma exceção rara no panorama nacional, que por um lado permite ajudar na disseminação do próprio trabalho, e, por outro, analisa e reconhece o potencial desses trabalhos no seu impacto atual e para futuros desenvolvimentos”.
O Prémio Manuel Gomes Guerreiro, criado em homenagem ao primeiro reitor da Universidade do Algarve, pretende galardoar uma obra publicada, livro ou tese de doutoramento, que contribua para o desenvolvimento científico numa das áreas de conhecimento da Academia.
Organizado pela Universidade do Algarve, com o patrocínio da Câmara Municipal de Faro e da Câmara Municipal de Loulé, o prémio tem um valor pecuniário único de 10 mil euros.
Leia também: Preço do azeite vai descer a pique. Saiba quanto vai custar a garrafa