No coração da aldeia de Alte, no concelho de Loulé, irá nascer, dentro de um ano, um novo edifício de habitação pública, que pretende afirmar-se como mais um instrumento de fixação de população no interior algarvio. A obra de reabilitação do imóvel, localizado num quarteirão delimitado pela Rua Isidoro Rodrigues Pontes, Rua Plácido Sousa Vieira e Rua das Almas, foi consignada esta terça-feira. Os trabalhos terão início nos próximos dias e darão origem a dois fogos residenciais.
O imóvel, cuja origem remonta ao século XIII, está atualmente devoluto e em avançado estado de degradação. Enquadrado na arquitectura tradicional popular local, será substituído por uma construção nova, com dois apartamentos de tipologia T2. Todas as infraestruturas — águas, esgotos, eletricidade e telecomunicações — serão renovadas, uma vez que se encontram obsoletas.

A empreitada, que terá uma duração de 365 dias, representa um investimento de quase 325 mil euros, integrado na Estratégia Local de Habitação do Município de Loulé. Estas duas futuras habitações serão destinadas ao arrendamento acessível, com foco em famílias com rendimentos intermédios.
Durante a cerimónia de consignação, o vice-presidente da Câmara de Loulé, David Pimentel, sublinhou: “Precisamos fazer mais pelo nosso interior! O interior tem que fixar pessoas, demografia, atividade económica, vida social, para que as aldeias continuem a viver e a prosperar no futuro, sob pena de perdermos aquilo que é típico, genuíno e absolutamente diferenciador no nosso Algarve”,
referindo-se à génese da estratégia habitacional municipal, iniciada em 2018, com o objetivo claro de reverter a desertificação do interior.
Também presente na sessão, o presidente da Junta de Freguesia de Alte, António Martins, destacou: “Alte é a aldeia mais bonita do Algarve, temos bastante turismo, mas não temos residentes. Como quase todo o interior do Algarve, Alte está em rápido processo de desertificação. E a política de habitação da Câmara tem quer ser um dos instrumentos fundamentais para combater esta desertificação”, referindo ainda a escassez de habitação acessível e os preços elevados das poucas casas existentes.

Segundo o autarca, Alte corre o risco de, nas próximas eleições, não dispor de eleitores suficientes para manter uma junta a tempo inteiro, uma consequência direta da diminuição populacional. A aldeia mais turística do Algarve, com cerca de 100 mil visitantes por ano, conta apenas 1.544 habitantes, muitos dos quais estrangeiros.
A Estratégia de Habitação de Loulé continua, assim, a concretizar-se, especialmente no interior do concelho, onde todas as casas já entregues foram construídas ou reabilitadas nesse território.
Num contexto em que apenas 2% das casas em Portugal pertencem à esfera pública, contrastando com 21% na Dinamarca e 34% nos Países Baixos, David Pimentel considera que: “Portugal está finalmente a fazer o que já devia ter sido feito há muito tempo”.
O autarca lançou o desafio à construtora para que a empreitada seja concretizada “tão breve quanto possível”.
Em resposta, Joaquim Bompastor, da empresa Ideias Explícitas, garantiu que “tudo será feito para que esta obra seja realizada dentro da qualidade que merece”.
Leia também: Adeus carta de condução: conheça a idade máxima para continuar a conduzir esta categoria

