A realização de eleições é um pilar essencial da democracia portuguesa, permitindo a escolha dos representantes políticos em diferentes níveis de governação. No entanto, muitos eleitores desconhecem o funcionamento do sistema eleitoral e os custos associados à realização de um ato eleitoral.
Com as eleições legislativas antecipadas marcadas para 18 de maio, é oportuno compreender melhor como decorre o processo eleitoral em Portugal.
Como funcionam as eleições em Portugal?
O sistema eleitoral português baseia-se num modelo de representação proporcional, utilizando o método de Hondt para a distribuição de mandatos.
Este método é aplicado nas eleições legislativas, autárquicas e europeias e tem como objetivo garantir uma representação proporcional dos votos.
Tipos de eleições
Em Portugal, realizam-se diferentes tipos de eleições:
-Legislativas: Elegem os deputados à Assembleia da República.
-Presidenciais: Escolhem o Presidente da República.
-Autárquicas: Determinam a composição das câmaras e assembleias municipais, assim como das juntas de freguesia.
-Europeias: Elegem os representantes portugueses no Parlamento Europeu.
Cada uma destas eleições segue regras específicas, mas nas legislativas, autárquicas e europeias a conversão de votos em mandatos é feita através do método de Hondt.
O método de Hondt explicado
O método de Hondt é um sistema matemático que distribui os mandatos pelos partidos ou coligações em função dos votos obtidos.
O número total de votos de cada partido é sucessivamente dividido por 1, 2, 3, 4, etc., gerando uma tabela de quocientes.
Os mandatos são atribuídos aos valores mais elevados dessa tabela até que todas as vagas do círculo eleitoral sejam preenchidas.
Exemplo prático
Num círculo eleitoral com cinco mandatos disponíveis, e três partidos concorrentes com os seguintes resultados:
- Partido A: 10.000 votos
- Partido B: 6.000 votos
- Partido C: 4.000 votos
Aplicando o método de Hondt:
Divisor | Partido A (10.000) | Partido B (6.000) | Partido C (4.000) |
---|---|---|---|
1 | 10.000 | 6.000 | 4.000 |
2 | 5.000 | 3.000 | 2.000 |
3 | 3.333 | 2.000 | 1.333 |
Os cinco mandatos são atribuídos a quem tiver os cinco maiores valores na tabela, resultando na seguinte distribuição:
- Partido A: 3 mandatos
- Partido B: 1 mandato
- Partido C: 1 mandato
Este sistema assegura uma distribuição proporcional, mas tende a beneficiar os partidos mais votados, reduzindo o impacto dos votos em formações políticas com menor expressão eleitoral.
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Características do sistema eleitoral português
-Representação proporcional: Os votos são convertidos em mandatos com base na proporção de votos obtida por cada partido.
-Círculos eleitorais: O país está dividido em distritos eleitorais, cada um elegendo um número fixo de deputados.
-Listas fechadas: Os eleitores votam em partidos e não escolhem diretamente os candidatos.
Quanto custam as eleições?
O custo das eleições legislativas pode variar significativamente consoante o contexto e as condições logísticas. Por exemplo, as eleições legislativas de 2015 tiveram um custo aproximado de 8,5 milhões de euros.
Este valor inclui despesas com a organização do processo eleitoral, desde a impressão e distribuição dos boletins de voto até aos pagamentos efetuados aos membros das mesas de voto.
Já as eleições legislativas antecipadas de 2025 registaram um custo substancialmente mais elevado, estimado em mais de 25 milhões de euros. Este aumento deveu-se a vários fatores, incluindo:
- Subvenções atribuídas aos partidos para despesas de campanha;
- Custos com a impressão e expedição dos boletins de voto para eleitores residentes no estrangeiro;
- Gratificações para os cerca de 67 mil membros das mesas eleitorais;
- Indemnizações às estações de rádio e televisão pela emissão dos tempos de antena.
Além disso, os cidadãos que desempenham funções nas mesas de voto recebem um pagamento pelo serviço prestado, sendo esse valor de cerca de 50 euros por pessoa.
Conclusão
As eleições são um processo essencial para o funcionamento da democracia, garantindo que os cidadãos escolham os seus representantes de forma livre e justa.
O sistema eleitoral português, baseado no método de Hondt, assegura a proporcionalidade da representação, mas favorece os partidos mais votados.
O custo das eleições pode ser significativo, mas é um investimento fundamental para assegurar a participação democrática e a transparência do processo eleitoral.
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