O autocaravanismo é um tipo de turismo que existe durante todo o ano no Algarve, principalmente na época baixa, e o problema maior é a falta de resposta da região relativamente às áreas de acolhimento. Até ao momento, a RAARA é a única rede do género que existe no país e isso “é ainda muito insuficiente”, refere um dos responsáveis.
José Pires, presidente da Federação Portuguesa de Autocaravanismo (FPA), considera que o “Algarve é ainda uma região bastante sensível relativamente ao autocaravanismo” e acredita que a solução passa pela “criação de mais espaços dedicados a este tipo de turismo, já que as pessoas tendem a ir para os locais onde se sentem mais confortáveis”.
Da mesma opinião partilham os responsáveis da RAARA, que verificam que “sempre que há uma área de serviço, cerca de 80% dos autocaravanistas vão para lá em vez de irem para os locais clandestinos”. O problema é que é bastante difícil conseguir a aprovação da construção das áreas de serviço, “um espaço extremamente simples que necessita apenas de um terreno em terra batida que assegure os serviços mínimos”, como água, luz e o despejo que pode ter um grande impacto ambiental se for escoado indevidamente.
Silves é um exemplo a seguir pelos municípios da região
Em Junho deste ano, o concelho de Silves tornou-se no primeiro município do Algarve com um regulamento municipal que contempla o autocaravanismo. “A diferença é notória”, refere José Brito, “as autocaravanas estão organizadas e isso é um aspecto muito positivo tanto a nível ambiental como de ordenamento do território, segurança e ordem pública”.
Rosa Palma, presidente da Câmara de Silves, disse ao POSTAL que o município decidiu regulamentar o autocaravanismo “porque o concelho é muito procurado para este tipo de turismo, não só para o autocaravanismo como também para o campismo e o caravanismo”.
A CCDR reconhece a iniciativa da Câmara de Silves e pretende que este regulamento sirva de protótipo a outros municípios da região. Rosa Palma garante que se sente “uma grande diferença. As autocaravanas estão muito mais organizadas, há uma maior segurança na zona onde estão a pernoitar e é uma grande vantagem para a economia local porque os autocaravanistas compram tudo nas lojas do concelho e usufruem dos espaços que aqui temos”.
No concelho de Tavira existem actualmente dois parques para autocaravanismo, um na PSP e outro junto ao Centro de Saúde e, segundo Jorge Botelho, presidente da Câmara de Tavira, “estão previstos novos espaços em Cachopo e Santa Catarina da Fonte do Bispo”. Para os próximos quatro anos, o objectivo da autarquia relativamente a este tipo de turismo passa por “ordenar o autocaravanismo no concelho e eventualmente regulamentar a modalidade”.
Não há nenhuma lei específica para o autocaravanismo
Agnès Isern, vice-presidente da Associação dos Parques de Campismo do Alentejo e do Algarve, disse ao POSTAL ainda não ter nenhuma resposta relativamente à proposta de uma nova lei para o sector, apresentada pelos empresários dos parques de campismo à Secretaria de Estado do Turismo, em Abril deste ano.
“Saiu entretanto um decreto- lei que faz algumas referências à modalidade mas ainda não há nada específico para o autocaravanismo. Para desenvolvermos os nossos negócios precisamos de ter condições para o fazer e neste momento não temos nenhuma lei que nos ajude realmente”.
Sobre a RAARA, Agnès Isern refere que a diferença já se começa a notar, “começa a haver fiscalização e agora temos mais contacto com as autoridades”.
Família espanhola passa férias na Manta Rota e promete regressar
Um turista estacionado no parque de estacionamento da Praia da Manta Rota disse ao POSTAL estar muito satisfeito com as condições do local, apesar de não se encontrar numa zona oficialmente criada para o autocaravanismo.
“Até agora não tive qualquer problema aqui. Estive aqui neste sítio há alguns anos atrás e agora decidi voltar com a minha esposa. Aqui estamos bem instalados, a praia é muito boa, o local é muito limpo, as pessoas recebem-nos bem e estamos a gostar muito da zona. Temos as condições mínimas e quando é necessário despejar os resíduos vou a um sítio apropriado e faço a limpeza”.
Esta família espanhola promete voltar mais vezes ao Algarve e à Manta Rota. “Já fazemos autocaravanismo há cerca de dez anos e com certeza que vamos voltar. Vivemos em Sevilha e começamos sempre a nossa volta por Lisboa. A partir daí vamos descendo o país, parando em vários locais, e agora vamos de certeza voltar aqui porque gostámos muito desta zona.