A União Europeia (UE) está a preparar um conjunto de medidas destinado a reforçar a estabilidade das redes elétricas e permitir respostas imediatas às flutuações de consumo e produção de energia, de forma a evitar apagões. O objetivo passa por acelerar processos de autorização e implementar redes inteligentes capazes de reagir em segundos às variações, em vez de minutos, como acontecia anteriormente.
Baterias gigantes no norte da Alemanha
Em Bollingstedt, no norte da Alemanha, situa-se a maior instalação de armazenamento de baterias do país. De acordo com o site especializado na atualidade europeia, Euronews, especializado em informação europeia e económica, a infraestrutura integra 64 mega-contentores equipados com tecnologia de bateria de alta capacidade. Estes contentores conseguem fornecer energia sob pedido e antecipar a necessidade de recorrer a centrais elétricas a carvão como reserva energética.
A instalação pretende funcionar como um exemplo de integração entre tecnologias avançadas e fontes de energia tradicionais. Segundo a mesma fonte, os sistemas permitem regular a tensão da rede quase em tempo real, uma capacidade que se torna crucial com a crescente presença de energias renováveis intermitentes.
Desafios das energias renováveis
A intermitência do sol e do vento coloca desafios significativos às redes elétricas. Quando a produção fotovoltaica e eólica excede a procura, é necessário regular as centrais para manter a tensão estável, o que implica que parte da energia gerada não seja utilizada, resultando em perdas económicas significativas.
Nos períodos de pouca luminosidade ou vento, surge o efeito inverso: a escassez de energia obriga a recorrer a centrais a combustíveis fósseis, com impacto ambiental relevante. Segundo a mesma fonte, estas oscilações tornam ainda mais urgente a implementação de redes inteligentes capazes de responder de forma imediata às variações de produção e consumo.
Investimentos massivos nas redes
A UE antecipa que o consumo de eletricidade aumente cerca de 60% até ao final da década, o que aumenta a necessidade de armazenamento e transporte de energia. Até 2040, estima-se que os investimentos nas redes de transporte alcancem quase 500 mil milhões de euros, enquanto as redes de distribuição poderão receber mais de 700 mil milhões.
Georg Gallmetzer, diretor-geral da ECO STOR, sublinha que um dos principais obstáculos são os processos de autorização, que necessitam de ser simplificados. Segundo a mesma fonte, é fundamental abrir um diálogo a nível europeu para desbloquear a expansão das redes e das infraestruturas de armazenamento, garantindo que os investimentos se traduzam em maior fiabilidade energética.
Um modelo para o futuro da Europa
De acordo com a Euronews, os sistemas de armazenamento em Bollingstedt permitem respostas quase imediatas às flutuações de tensão, reduzindo progressivamente a dependência das centrais de carvão e oferecendo uma solução mais sustentável para a crescente procura energética. Este modelo representa um passo significativo na modernização das redes elétricas e na integração de fontes de energia renovável de forma eficiente e segura.
A UE observa este exemplo como referência para outras regiões, com o objetivo de evitar apagões, reduzir perdas económicas e assegurar que a eletricidade acompanhe a evolução tecnológica e ambiental do continente. Segundo a mesma fonte, a experiência de Bollingstedt poderá inspirar projetos semelhantes noutros países, promovendo redes inteligentes e soluções de armazenamento de larga escala.
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