As gerações mais jovens, particularmente a geração Z, estão a abandonar o telefonema tradicional em favor da mensagem instantânea escrita. Este comportamento, observado tanto em contextos pessoais quanto profissionais, é influenciado por uma combinação de fatores sociais, psicológicos e tecnológicos, refletindo as mudanças nos hábitos de comunicação no mundo digital.
Um dos principais fatores é a preferência por comunicações assíncronas. Mensagens de texto, redes sociais e aplicações de mensagens instantâneas oferecem aos utilizadores a possibilidade de responder no momento mais conveniente, sem interromper as suas atividades. Esta flexibilidade é valorizada por cerca de 75% dos jovens entre 18 e 24 anos, segundo um estudo da BVA, que também indica que os telefonemas são muitas vezes percecionados como intrusivos.
Outro motivo está relacionado com a ansiedade que as chamadas telefónicas podem gerar. O medo do inesperado, a necessidade de respostas imediatas e a exposição emocional através do tom de voz são barreiras para muitos jovens, habituados a comunicar de forma escrita e ponderada. Estudos apontam ainda para uma “fobia social de chamadas de voz” em alguns casos, amplificada pela predominância da comunicação textual, explica a The Body Optimist.
Além disso, o simbolismo do telefonema mudou ao longo do tempo. Antes, era um marco de autonomia e conexão social. Hoje, as chamadas são associadas a situações urgentes ou formais, como entrevistas de emprego ou comunicações importantes. Segundo um inquérito Ifop de 2024, 63% dos jovens abaixo dos 30 anos veem o telefone como um meio reservado para momentos de maior seriedade.
O telefonema, ao contrário da mensagem escrita, também exige uma interrupção completa das atividades em curso, o que vai contra o comportamento multitarefas característico das gerações mais jovens. A capacidade de gerir mensagens enquanto realizam outras tarefas torna o telefone menos atrativo, especialmente para quem valoriza a eficiência.
Para superar esta desconexão, algumas estratégias podem ser úteis. Agendar chamadas, explicar a necessidade do contacto por voz e respeitar as preferências dos mais jovens são abordagens que promovem uma comunicação mais eficaz e adaptada. Compreender estas mudanças é essencial para melhorar o diálogo intergeracional e integrar novos padrões de comunicação nos diversos contextos sociais e profissionais.
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